Marta, Chico, Tião e o Delegado.

Rafael Fioratto

Março de 2009.

(Marta chega desesperada pelo palco e fala ao delegado:)

Marta: Delegado vim prestar queixa de um homem.

Delegado: Qual o nome?

Marta: Não sei o nome.

Delegado: Qual a queixa?

Marta: Estupro!

(Entra Tião)

Tião:Delegado vim prestar queixa contra esta mulher!

Delegado: Qual a queixa?

Tião: Estupro!

Delegado: Isso é brincadeira? Delegacia é lugar sério. Retirem-se os dois!

(Entra Chico)

Chico: Delegado!

Delegado: O que foi?

Chico: Vim aqui pra mó di o sinhô sabê que essa ai é uma vadia e esse aqui um cabra safado. É esse o motivo que eu vou da cabo da vida miserável dos dois. (tira um revolver da calça.)

Todos se desesperam.

Delegado: Acalme-se homem, me deixa entender o que ta acontecendo aqui! Quem vai me explicar o ocorrido?

Chico: Eu explico e depois mato esses dois sem vergonha.

Marta: Deixa-me falar a verdade seu delegado. Meu nome é marta. Eu tava chegando em casa depois do forró e meu marido trabalha de segurança lá no forró.

Delegado: Que hora era isso dona marta?

Marta: Três horas da madrugada.

Delegado: Isso é hora de mulher casada ta na rua?

Chico: Que isso seu delegado? Duvidando da pureza de martinha? (aponta a arma)

Delegado: Não, longe de mim. Continue.

Marta: Eu sou dançarina contratada da casa. Eu terminei de dançar e fui pra minha casa, meu marido, o Chico tem que esperar até o ultimo cliente sair e só depois o seu Nicolau dá o pagamento dele. Mas ele nunca demora. Então eu cheguei em casa. Tirei a calcinha que tava me apertando e deitei na cama. Pra esperar meu marido.

Chico: É mentira! Ela sabe que eu chego quando o dia ta amanhecendo.

Marta: Cruz Chiquinho, como me toma como mentirosa na frente dos outros? Eu tava esperando você sim, mas como tinha bebido muito eu resolvi esperar dormindo. E foi ai que chegou esse sujeito.

Tião: Sujeito não que eu tenho nome. Tião a seu dispor delegado.

Delegado: e o que você tava fazendo na casa de dona martinha?

Tião: Eu bebi seu delegado, mas muito mesmo, tanto que perdi o caminho de casa. Entrei na casa errada e pensei que era a casa de Dalvinha. Dalvinha ta acostumada a me receber a noite na casa dela. O marido sai pra trabalhar e eu vou pra lá. Só que dessa vez eu errei de casa.

Chico: Errou de casa nada seu safado! Eu vou te capar!

Delegado: Seu Chico, pare agora, a delegacia é um lugar de ordem! Ordem esta ouvindo?

Tião: Eu abri a porta que só estava encostada, tirei a calça que tava me apertando, e fui ficar com “Dalvinha”. Que não era Dalvinha.

Delegado: Era martinha.

Tião: Isso.

Delegado: E você não percebeu nenhuma diferença entre as duas?

Tião: Olha, eu percebi sim, quando eu pequei nas pernas de martinha eu vi que era mais vistosa que as de Dalvinha, mas eu pensei: deve ter dado uma engordadinha.

Marta: Ta me chamando de gorda cabra? Acerta ele Chiquinho!

Tião: Não dona martinha.

Delegado: E a senhora dona marta? Não percebeu diferença dele pro seu marido?

Marta: Ate que percebi sim, mas na hora eu pensei: será que Chiquinho ta inchado por causa da pinga?

Chico: Que você que dizer com isso martinha?

Marta: Nada meu bem. Mas ai seu delegado como o negocio tava ficando bom e eu estava muito bêbada eu nem me atinei pra essas peculiaridades de comprimento e grossura.

Chico: Sua galinha danada! Hoje eu vô preso mas vocês dois vão pro quinto dos inferno!

Delegado: Calma seu Chico. Toma esse copo de água com açúcar. (Chico bebe a água)

Marta: Ta mais calmo amor?

Chico: To acalmando

Delegado: Conclusão. Seu marido chegou e pegou vocês dois na cama.

Marta: Não seu delegado, no chuveiro.

Delegado: Mas a senhora foi tomar banho com o Tião, e mesmo assim não notou que não era seu marido?

Marta: Calma, deixa eu explicar. Quando eu dei por mim que aquele ali não era o Chiquinho, eu fui tomar banho pra vir prestar a queixa.

Tião: E eu também fui tomar um banho pra ver se a bebedeira passava e também pra tirar o suor do corpo, o senhor sabe né, eu tinha passado a noite no forró e com aquela poeira toda que sobe eu tava encardido. E ai foi a hora que o cor... quer dizer, o marido chegou.

Chico: Seu delegado, cheguei e o bicho ainda tava armado.

Marta: Tava não Chico, daquele jeito tava descansando, sê não viu nada bem.

Chico: Não sei de quem dou cabo primeiro, se da traidora sem vergonha ou do jumento aí.

Delegado: E a senhora veio prestar queixa contra o seu Tião?

Marta: Sim senhor, não se faz isso, entrar na casa de uma mulher casada e se aproveitar.

Delegado: E o senhor Tião também veio prestar queixa?

Tião: Seu delegado, o que essa muié fez comigo não se faz nem com um animar. Essa muié é tarada. Me deixou todo roxo.

Delegado: E o senhor seu Chico? O que veio fazer aqui?

(Chico dorme sentado na cadeira)

Marta: Chico, acorda Chico! O doutor delegado ta perguntando procê.

Chico: Que? O que? Que que foi?

Marta: Ele ta perguntando o que você veio fazer aqui.

Chico: Isso, vim aqui pra dar cabo da vida desses infeliz.

Delegado: Mas o senhor sabe que daqui o senhor não vai sair, se matar eles vai estar preso e vai pegar uns bons anos de cadeia.

Chico: Melhor ficar atrás das grades vinte anos do que ter que ver o sorriso na cara dessa vaca depois do que aconteceu hoje. Olha a cara dela seu delegado. A vagaranha ta toda satisfeita.

Delegado: Dona Marta, a senhora pare de fazer essa cara de satisfação, seu marido esta sofrendo.

Marta: Não dá seu delegado.

Chico: Seu delegado, o senhor é casado?

Delegado: Sou sim.

Chico: Com todo respeito qual é o nome da sua esposa?

Delegado: Pra que o senhor quer saber?

Chico: Com todo respeito, o que o senhor faz se descobre a senhora sua esposa com um cara desse dentro da sua casa.

Delegado: Eu capo o sujeito. (muito nervoso)

Chico: Então seu delegado, porque eu também não posso? Só porque o senhor é autoridade?

Delegado: Isso é um modo de falar seu Chico.

Chico: Não é não, o senhor sabe que na hora o sangue esquenta.

Marta: Peraí, o senhor é o marido da Dalva! Mais conhecida como a Dadal. Mora na rua de cima da minha casa.

Delegado: Onde a senhora mora?

Marta: Na rua da caixa d’água, do lado da venda do seu Zé.

(Tião vai saindo de fininho)

Delegado: Isso, eu moro na rua do deposito de gás. Mas de onde a senhora conhece minha esposa?

Marta: Conheço muito a Dadal lá do forró. Ela é danada aquela lá.

Delegado: Minha mulher não vai a forró. Ela fica em casa toda noite. A senhora esta confundindo ela com alguém.

Marta: Mas o senhor não trabalha a noite aqui na delegacia?

Delegado: Só um dia sim e um dia não.

Chico: Seu delegado, com todo respeito. Esse tal de Tião não confundiu minha muié com a sua não?

Marta: Ele falou mesmo que me confundiu com uma tal de Dalvinha.

Delegado: Áh fio duma égua! Hoje eu capo esse tal de Tião! (Sai correndo da cena)

Marta: Agora vamo amor, não falei que foi tudo um mal entendido?

Chico: Melhor assim, pelo menos o corno no final não fui eu.

FIM

Rafael Fioratto
Enviado por Rafael Fioratto em 26/04/2011
Código do texto: T2931088
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