O BÊBADO FAZEDOR DE VERSOS E O SOLDADO RIMADOR
Petrônio era o bêbado fazedor de versos, chegava ao bar e em troca de bebidas fazia versos engraçados. Era o poeta da pequena cidade. Um dia chegou á cidade um soldado substituindo outro que havia se aposentado. Nas horas de folga era bom de gole, e ao beber, gostava também de fazer versos. Petrônio entrou no bar e os pinguços já foram falando:
-Petrônho, ocê perdeu seu lugá, chegou um sordado aqui na cidade que dá de deiz nocê, fazeno versos...
Ele não acreditou e disse:
-Num querdito, cadê esse sordado?
E ficaram fazendo chacota dele, dizendo que ele não era páreo para o soldado. Nesse momento alguém disse:
-Lá está o sordado. Chamaram o militar que estava a serviço, de uniforme e armado.
Ele entrou no bar e os freqüentadores já foram pondo fogo no circo:
-Binidito, esse aqui é o Petronho, que quê te disafiá para uma disputa de verso...
Ele disse:
-Amanhã é minha forga, e nois vamo fazê um “ranca rabo”...
Petrônio disse:
-Que amanhã que nada, bota duas pinga aí Eliseu, vamo cumeçá é agora...
Eliseu, o dono do bar pegou uma garrafa e colocou duas doses generosas da branquinha.
O soldado disse:
-Tão Lôco, eu tô em sirviço, se eu bebê uma agora, o sargento me capa...
Um dos pinguços disse:
-Preocupa não, eu vi inda agorinha o sargento entrá na casa da Maria Frente e Verso, lá na Zona, tão cedo ele sai de lá...
Como estava tudo tranqüilo o soldado não se fez de rogado. Bebeu a pinga e começou o duelo com Petrônio. O duelo estava parelho, mas Petrônio notou que os freqüentadores do bar, puxando o saco do militar aplaudiam mais os versos dele.
Lá pelas tantas o soldado fez esse verso:
“Eu bebo com esse bêbo,
Aqui no bar do Elizeu
Seu quisé, prendo esse bêbo,
Esse bêbo num prende eu”
Palmas, assovios, os freqüentadores foram ao delírio.
Petrônio, revoltado com a bajulação, levantando-se disse:
“Eu bebo com esse sordado,
Sordado bebe mais eu,
Eu como o c... do sordado,
Sordado num come o meu”...
E deu no pé...
* * *