PERIPÉCIAS DE SEU BALTAZAR

Ah, lembro-me do finado Baltazar! Homem de bom coração! Chegou a ser casado por anos com a dona Josefina. Era um homem serelepe que namorava escondido com a dona Anastácia. Teve uma época em que o seu Baltazar ganhou alguns quinhões ao vender aquelas carroças de diligências para o também hoje finado Nicolantônio. E com os tais quinhões ele resolveu comprar por uma bagatela o armazém do seu Venceslau, inclusos os dois cabritos que o Sr. Venceslau criava nos fundos. Sr. Venceslau tinha criação de cabritos. Somente não se desfez do mais imponente dentre os cabritos que levava a alcunha de Barroso em função da quantidade tão grande de fezes que ele depositava aos montes no quintal.

Às manhãs de quarta-feira, Seu Baltazar levantava, abria o ferrolho da janela e já se deparava com os lençóis branquinhos quarando no varal. Lençóis estes lavados pelas mãos de dona Josefina, que ao efetuar o ato da lavagem assoviava Nelson Gonçalves. E aquele som se expandia pela casa e tornava-se sempre aprazível aos ouvidos do Seu Baltazar contrastando com o barulho emitido pela chaleira que esquentava a água recém tirada do poço artesanal lotado aos fundos da casa, poço esse cavado por Seu Crisóstomo, que era sobrinho de Seu Praxedes, homem de muitas posses naquela redondeza. Aquela água límpida e saborosa era misturada as folha de capim-santo que fazia bem para o pulmão, segundo seu Baltazar que herdara este dom de sua tia-avó Juventina, que prevera até mesmo sua própria morte poucos dias antes de acontecer o fato. A pobre tia Juventina havia sido soterrada por uma caçamba de esterco dias antes, inclusive, da compra do armazém do seu Venceslau. Esterco este defecado pelo cabrito Barroso.

TrovadoresSaudosistas
Enviado por TrovadoresSaudosistas em 10/08/2011
Código do texto: T3151467
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