Diagnóstico Final.

As cadeiras da sala de espera do consultório estavam todas vazias. Um rapaz apreensivo em pé, próximo ao balcão, folheava uma revista de moda. Uma secretária robusta trocava palavras ao telefone ao mesmo tempo em que lixava as unhas roídas. Repentinamente, ela gritou, apesar do silêncio ímpar.

- Sr. Edgar – ela berrou, como se houvessem outras pessoas ali, sem levantar os olhos.

- Sou eu.

- O doutor está com o resultado, ele preferiu entregar pessoalmente. Está a sua espera.

O paciente entra na sala, visivelmente nervoso, e é recebido pelo médico, que ostenta um semblante demasiadamente sério.

- Por favor, sente-se - o médico disse colocando os óculos.

- Prefiro ficar de pé!

- Entendo.

- Diga Doutor, o que aconteceu? - o rapaz perguntou, aproximando-se da mesa.

- Você precisa ser forte, Sr. Edgar.

- Ai meu Deus.

- Tente ficar calmo.

- Pare de me torturar, diga logo - ele disse colocando as mãos na cabeça.

- O exame deu positivo!

- Não acredito. E agora, o que será de mim.

- Agora você precisa ter parcimônia, bastante parcimônia.

- Minha vida acabou - o rapaz falou, deixando-se cair de lado na cadeira.

- Não é bem assim...

- É sim. Você não compreende.

- Tenho certeza que...

- Eu estava com um cruzeiro marcado!

- Você ainda pode ir, isso não te impede.

- Você não sabe o que está dizendo, não sabe como é.

- Felizmente não - o doutor concordou, arqueando as sobrancelhas.

- E o meu namorado, será que conto para ele?

- Óbvio que sim, para o seu próprio bem, principalmente.

- Tem razão. Parece até que eu já sabia.

- É bem provável, até porque o estágio já estava bem avançado.

- Será que não foi um erro, posso repetir o exame?

- Não, isso só lhe traria mais dor, Edgar.

- Mas o resultado pode estar errado! -o jovem exclamou, com os olhos cheios de esperança.

- Não está, eu mesmo chequei três vezes. Você sabe disso.

- Eu sei doutor, me lembro bem - ele recordou, enquanto se remexia na cadeira - Ai meu Deus não posso acreditar.

- Você precisa seguir em frente. Tem que encarar isso, aceitar.

- Não consigo.

- É preciso, você tem...

- Não diga doutor, piedade.

- Precisa aceitar, você tem...- o médico inclinou-se pra frente, agarrando as mão do paciente.

- Misericórdia.

- Você tem Hemorroidas meu filho.

- Nãooooooooooooooooooo! - gritou o rapaz, antes de cair num choro interminável.