VIDA DE CASADO
VIDA DE CASADO
(do livro de humor reflexivo DETALHES - de Luiz Otávio)
- Depois de sete anos de casado finalmente descobri a forma ideal para conviver com a minha mulher.
- Conta qual é.
- Quanto mais distante melhor.
- Estou desanimado com o meu casamento. A discussão tomou conta do nosso dia-a-dia.
- O problema é a rotina, experimente viajar com freqüência.
- Já experimentei e a discussão tomou conta das nossas viagens.
- Não estou te agüentando mais.
- Você fala isto agora. Quando eu morrer, só quero ver como você vai se virar sozinha.
- Você já me traiu alguma vez?
- Defina exatamente os limites entre trair e não trair para que eu possa dar uma resposta bem exata.
- Você ainda está naquela fase de altos e baixos com a sua mulher?
- Não, saí dos altos e baixos, agora a fase é só de baixos.
- Você falou que a minha vida de casado melhoraria se nós fizéssemos programas diferentes. Segui o seu conselho e não adiantou. Continuamos brigando.
- Quando falei que vocês deviam fazer programas diferentes, eu quis dizer cada um para o seu lado.
- Escuta aqui, foi com você que eu fui a um motel há duas semanas atrás? – perguntou o marido.
- Motel na Barra ou na Av. Brasil? – responde a esposa.
- Você já me traiu alguma vez?
- Olha, num certo sentido posso dizer que praticamente não, só de uma forma genérica.
- Eu tenho três malas, uma de cada tamanho, para diferentes tipos de viagens, além, é claro, da de uso diário, e você?
- Meu caso é parecido. Eu tenho três mulheres, uma de cada tamanho, para diferentes tipos de programas, além, é claro, da de uso diário.
- Casamento é fogo. Estou cheio de dúvidas...
- É, casamento é fogo, estou cheio de dívidas.
- Você viu a mulher com quem o Vieirinha se casou, ela é uma puta de classe.
- Que isso, mais respeito, ela não é uma puta. Ela tem é uma classe de puta.
- Se você me deixar eu vou acabar me matando.
- É?
- Você só diz “é”, não tem mais nada para falar?
- Você está pensando em se matar como?
- Se eu descobrir que o meu marido está tendo um caso no trabalho dele, eu me separo no ato.
- Não seja tão radical, os tempos hoje são outros. Qual é o problema de ele ter um caso no trabalho?
- Acontece que ele trabalha num quartel!
- Você já percebeu que trata o seu marido igual a um cachorro?
- Que absurdo, eu trato meu cachorro muito bem.
- Você já me traiu alguma vez?
- Você está considerando trair como sendo um processo ou um evento?
- Com esta onda de modernidade, estou pensando em fazer uma reengenharia no meu casamento.
- Interessante, como você está pensando colocar esta idéia em prática?
- Bom, vou começar fazendo uma implosão.
- Nós não temos nem um ano de casados e descubro que você está querendo ter um caso com a secretária. Não vou admitir isso!
- Calma. Você mesmo não diz que nós estamos num processo de aprendizagem. Pois então, erros fazem parte do processo de aprendizagem, isto é normal.
- Você é muito prepotente. Você fala como se fosse o dono da verdade.
- Não, não é bem assim. Não sou o domo da verdade, aliás, você também não!