Alívio em resposta silenciosa, era sua melhor defesa.

Ele foi um menino tímido.

Os seus pais resolveram apostar no teatro, como maneira de que ele se soltasse mais, se comunicasse melhor, mas ele não frequentou as aulas...

Deixaram, então, o tempo se encarregar de mostrá-lo como deve ser o comportamento social mais adequado, mais normal.

Os poucos amigos, que tomaram a iniciativa de convidá-lo para sair, se enturmar, sabiam as dificuldades que ele tinha em se soltar. Mas o tempo passou, tudo foi ficando mais fácil.

Ele já concluía que era necessário ser conhecido, ser amigo, estar com mais pessoas, conhecer mais gente, fazer parte do universo dos adolescentes, depois dos jovens e, consequentemente, dos adultos.

A vida profissional cobrava seus resultados. Precisava realizar vendas dos produtos, precisava falar e convencer o público, que deveria comprar aqueles artigos, já que eram os melhores do mercado.

Assim, o tempo foi passando, porém, no fundo, no fundo, continuava com aquele jeito de menino que não gostava de falar muito, especialmente sobre si, sobre seu mundo particular... era engraçado isto.

Ele gostava até de se divertir com o seu jeito de ser. Quando os amigos comentavam, ele ria muito e dizia que se afastava de problemas externos, assim, se refugiando no seu canto, tão cheio deles!

O telefone tocava no trabalho, constantemente, e ele tinha que atender, senão não realizaria suas vendas...mas aquelas funções não eram as desejadas, eram as obrigatórias! Tinha medo de atender, era inseguro. Às vezes, se perguntava a respeito: seria porque quando pequeno era incentivado a mentir sobre a presença de algum adulto em sua casa ou seria porque os chatos que ligavam eram inconvenientes e sempre queriam saber demais? A resposta era sempre "talvez"...

Certa vez, o telefone da sua casa tocou. E tocou. E tocou...

Não queria atender... estava estressado, naquele dia!

Tocou, tocou, tocou, tocou, mais ainda...

Que insistência! Ficou nervoso.

- Alô?

Ninguém respondia.

- Alô? Alôoooo... alô!!!!!!!!!

Nada. Nenhum barulho do outro lado.

- Ei, quem é? Fala alguma coisa; por que ligou?

Deve ser engano!

Desligou.

Novamente...o telefone toca, toca, toca, toca, toca...

- Alô? Com quem quer falar? Tá de brincadeira... hoje não estou bom, hein?

Silêncio total.

Não aguentou...e gritou:

- Ei...liga de novo para você ver o que lhe acontecerá!

Ameaçou... já sem nenhuma paciência; falou muitos palavrões e bateu o telefone.

_ Em seguida, o telefone tornou a tocar.

Ele atendeu? Não!

Deixou o silêncio falar alto... seria silêncio trocado, tão bom quanto tanto havia desejado; merecido para aquele atrevido do outro lado da linha!

Aquela foi a sua defesa!

Estava, realmente, aliviado!

Danusalmeida
Enviado por Danusalmeida em 15/04/2013
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