Quem vê "O Cara" não vê coração

Esta história é de um jovem que se dizia muito esperto, que atendia pelo nome de Carlão - "O Cara".
Certo dia, dirigindo seu carrão zero bala, notou que havia perdido a calota da roda de liga leve dianteira, a que fica do lado do motorista, fato este que o deixou extremamente contrariado.
Ao parar o veículo no estacionamento de um Shopping, avistou um flanelinha de feição simples, humilde e logo o cercou e começaram a conversar.
Carlão, "O Cara", fez-lhe uma proposta que se o mesmo retirasse de outro veículo uma calota idêntica a que havia perdido e colocasse no lugar em que lhe faltara, lhe daria a importância de cinco reais.
Tal combinação fora sussurrada, secreta, e todo o cuidado para que ninguém percebesse aquela fugaz ação, fora respeitado.
Carlão então distanciou de seu veículo, entrou no shopping e permaneceu no mesmo por uns trinta minutos, aguardando que o serviço do rapazinho fosse feito.
Ao retornar ao estacionamento abriu um belo sorriso ao avistar que o rapazinho colocara, na roda, uma calota igualzinha a que havia perdido. Caminhou então pensativo, feliz por ter economizado alguns tostões com aquela sua esperteza.
Aproximou-se então do flanelinha, disfarçadamente lhe pagou a quantia combinada por tal façanha e foi embora cantarolando.
Carlão foi do estacionamento até sua casa lembrando a sua esperteza, sem qualquer remorso de ter tirado a calota de outro veículo.
Ao chegar em sua residência, abriu a garagem, adentrou com o veículo e totalmente parado teve uma desagradável surpresa ao descer e caminhar em volta dele.
Com um sorriso amarelo, percebeu que no mundo havia pessoas mais espertas que ele, vez que o flanelinha com cara de bobão, havia trocado a suas calotas, retirando uma do lado esquerdo e colocando-a no lugar da que estava faltando, na parte direita, e como o carro estava de perfil, nem teve como o Carlão perceber.
Desse dia para cá, Carlão ficou mais receoso, não subestimou mais a inteligência de ninguém e aprendeu que "quem vê O CARA, não vê coração".








Renata Rodrigues
Enviado por Renata Rodrigues em 24/05/2013
Reeditado em 24/05/2013
Código do texto: T4306025
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