Solar do Inhão

Tudo começou ali, milhares de índios os aguardavam ansiosamente, diziam:

- Será o deus Tupã que atendeu as nossas mensagens?. Esperávamos a chegada pelos céus, mas estão chegando pelo mar.

E aqueles portugueses vestidos todos desengonçados foi para os índios um grande babado. De bocas abertas, diziam:

- Nossos deuses falam! Olha que canoa gigante. Eles não têm mulheres, como arranjam seus filhos?

Esqueceram suas armas na praia e correram em direção a grande canoa, e foi aquela festa dos deuses. Os portugueses de bocas abertas sem saber o que dizer ou que fazer diante daquelas belíssimas índias todas nuas, algumas usavam algumas penas que o vento sempre as levantavam e o comandante dizia:

- Não olhem marujos que é pecado!

Erguendo uma grande cruz botou os homens pra rezar. E dizem que alguns daqueles marujos que foram apanhar frutas com as índias ainda continuam sendo procurados. O padre todo desconfortado diante daquelas belezas nuas e bem torneadas e os índios com aqueles negócios feios todos arrebitados. Os missionários escreveram para o bispo contando, “Encontramos o paraíso. São todos inocentes e não conhecem dinheiro.”.

O bispo mandou uma expedição para confirmar o acontecido. Voltaram maravilhados com o paraíso das diversidades, o paraíso das oportunidades. Quando os índios pensavam que tudo estava acertado os deuses voltaram pro mar deixando alguns homens arribados. Os índios foram logo se ajustando com seus deuses barbados, mas quando menos esperavam foi aquela agitação, os deuses chegando de volta em suas canoas gigantes, os navios abarrotados, foi aquela gritaria chegaram com os deuses pretos imberbes e falando tudo enrolado, e agora as deusas negras, no colo suas crianças.

Os índios correram pro mato, pois agora lhes causaram medo as deusas de manchas pretas e os pretos com grandes cabos de reios apontados. Partiram para o ataque.

- Encontramos nossa áfrica branca. Essas belíssimas deusas brancas que até se parecem com sereias, estes portugueses não nos disseram que estávamos indo para o paraíso.

Quando chegou a terceira expedição caíram em grandes gargalhadas, já havia caciques com curumins nos braços, só que os curumins eram pretos, cabelos enrolados, rostos redondos, lábios grossos e olhos amendoados. Negras com curumins brancos nos braços, cabelos caracolados e olhos de esquimós. Bem, a língua já havia se misturado. Já havia português andando nu igual ao índios e índios de bermuda rasgada. O bicho já havia pegado, já havia índios de olhos verdes, pretos de olhos azuis e portugueses cristãos já viviam no pecado.

moraesvirada
Enviado por moraesvirada em 05/04/2007
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