O TROTE

“Taran- tararan- tararan...

Taran- tararan- tararan...

Após o sinal, diga o seu nome e a cidade de onde está falando...

-Alô?

-Alô!

-Quem tá falando?

Eu sorrio.

-Adivinha, mulé!

A mulher do outro lado respira fundo.

-Eu conheço?

-Claro que conhece mulé...

-É a Zefa?

Me seguro.

-É!

-Ô Mulé, a canto tempo! Como é qui ocê tá?

- Eu tô bem, e ocê?

-Vô levano... Ocê tá no Sum Palo né?

- Tô... Ih já tem é tempo...

- Prá mar de 3 anus, né?

- É... E seus minino, como tão?

- Tão bem... Daquele jeito... Danier só mi dano dô di cabeça... Só vive nas cachaça mulé... O Vito até que tumô jeito, tá istudano no Sarvador...

Minha colega que ouvia todo o telefonema, dobra-se sobre o próprio corpo, ri que se enrola.

- E a ôta minina?

- A qui eu peguei prá cria? Tá boa... Bunita como ela só... E ocê, Zefa, Condi veim aqui visita a sua terra?

- Mar logo, cumadi... Mar logo...

- I ocê si curou mulé?

Ela está para me descobrir... Continuo.

- Curei mulé, mar já mi apareceu probrema novo...

- Vixi maria... Precura um curadô bom di arresorvê essas coisa...

Ouço uma conversa do outro lado da linha. Ela retorna.

- Oia Zefa, tua irimã acabô di chega aqui... Ocê qué fala cum ela?

TU, TU, TU, TU, TU, TU, TU...”

Brincadeiras à parte, pergunto: Como é que alguém atende um telefonema a cobrar e conversa por tanto tempo com alguém que nem sabe se é verdade?

É necessário alerta. Muitos golpistas têm usado dessas armas para se aproveitar das pessoas. Claro que esse fato não passou de uma brincadeira de criança (na época, eu tinha 10 anos), mas hoje precisamos estar bem atentos. Eu mesma já quase fui lograda por alguém que dizia ter sequestrado meu pai.

Abram seus olhos!!!