O CAIPIRA QUE PUNHA APELIDO NOS FILHOS

Francisco Viriato era um pobre ruralista que vivia em um sítio alugado. Vivia em grande pobreza, com a mulher e quatro filhos. Dos quatro meninos, tinha cada um, apelido dado pelo pai: Era o Samburá, o Embornal, o Capanga e o Saco. Todos, saudáveis, educados e obedientes, era o orgulho do pai. Atendendo orações, sua esposa finalmente teve uma menina. Linda como uma boneca. Deram-lhe o nome de Lourdes em homenagem a Nossa Senhora de Lourdes. Logo veio o hipocorístico: Lurdinha. O pai não satisfeito, vendo que Lurdinha vivia com uma gatinha no colo deu-lhe o apelido de Bichana, que logo virou Chana ou Chaninha.

Era o pai que cortava o cabelo das crianças, com uma tesoura meio cega e um pente, botava os meninos em uma cadeira debaixo de um frondoso abacateiro e fazia o serviço de barbeiro. Corte mal feito, a cabeça dos meninos ficava cheia de “caminhos de rato”

Certo dia estava ele fazendo o serviço de “Figaro” e após cortar cabelos de três meninos, mandou o menor esperar um pouco para ele descansar. Sua esposa disse:

-Chico, enquanto ocê discansa, me empresta a tisora mode eu apará os cabelos de Lurdinha, que tão cheio de ponta. Não gostava dos apelidos que o marido colocava nas crianças, sempre as chamava pelos verdadeiros nomes.

Dito e feito. Ficaram Francisco e o moleque menor esperando. Os outros meninos brincavam em frente á casa, quando chegou D. Bernarda, sisuda senhora vizinha. Ela foi chegando e perguntando pelos pais deles. Um dos meninos buscou uma cadeira, mandou-a se sentar á sombra da casa, dizendo que esperasse um pouco que ambos estavam ocupados. O outro ofereceu água, dizendo que se ela estivesse com sede poderia se servir no pote na sala. Ela ficou admirada com a educação das crianças. Como demorava um pouco os pais aparecerem, ela perguntou de novo por eles. Um moleque foi ao quintal e voltou dizendo:

-Enquanto a mãe apara os cabelos da Chana, o pai espera a tesoura pra mode cortar os cabelos do Saco.

A velha senhora ficou com os cabelos em pé...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 03/02/2014
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