Atrazina ou A triste sina de um sapo garanhão

Agora vou contar a vocês

uma história que eu li no jornal

sobre um certo herbicida agroquímico

que fez estrago no mundo animal

O veneno Atrazina, a notícia dizia,

contaminou a água, provocou poluição,

abalou a ecologia, despertou androginia

e acabou com a fama de certo sapo garanhão

Dôni era um sapo maneiro

que vivia numa boa,

paquerando as pererecas

que moravam na lagoa

Ele dizia que era um príncipe

que tinha sido enfeitiçado

E todas se apaixonavam

pelo seu olhão esbugalhado

Sapo leopardo, grande sedutor

Pererecas apaixonadas

disputavam seu amor

Mas eis que veio o desastre ecológico

que provocou a mutação,

modificou o sistema biológico

e arrasou toda uma reputação

Num dia pela manhã,

sapo Dôni quando acordou

viu que tinha virado rã

Em vez de sapopemba,

agora balangandã

Maldito Atrazina,

que alterou a sina

do nosso pobre sapo galã

Sapo leopardo virou vedete

com o efeito da contaminação

Sapo Dôni agora é dona Ivete,

mas a mudança foi só na feição

O coitado virou gilete

e ataca agora de sapo sapatão