DIÁLOGO NO ÔNIBUS XII
DIÁLOGO NO ÔNIBUS XII
Como não poderia deixar de ser, estávamos dentro de um ônibus coletivo, indo da periferia para o centro (Linha 007 – Vila Brasília/Centro). Por incrível que pareça, naquela viagem o ônibus estava praticamente vazio, tanto que havia uns quatro bancos desocupados.
- Estou numa ressaca do cão! Vou vomitar!
Quem gritava estas palavras era um tipo sem sal nem açúcar, trintão, mais ou menos apresentável: camisa e calça limpas e conservadas. Nem magro nem gordo, alto para os padrões dos bebuns (se é que existe padrão de bêbado). Tanto é que se via que estava embriagado de verdade; e não de ressaca como o mesmo afirmava.
Outro usuário do ônibus, literalmente passageiro, pelo visto também bêbado, entrou na conversa, lá do seu canto:
- Hic... Se vomitar tem que limpar!
O primeiro pau d’água estava sentado no último banco, no chamado fundão do ônibus. Condoeu-se com a possibilidade de limpar o próprio vômito e retrucou:
- Limpo o caralho! Quero ver quem faz eu limpar!
Um policial, sentado no meio do ônibus, se levantou e deu o ar da sua autoridade:
- Quero silêncio! E aquele FDP que vomitar dentro do ônibus vai limpar sim!
Foi uma ducha de água fria nos dois interlocutores. Nem mais um pio!
P. S. Literalmente acontecido.