Adeus 28

Doída é a separação, principalmente as com raízes.

Anos de convivência que se dissipam.

Tanto entrelaçamento, tanto ‘nós’ entre tantos nós que acabam.

Mas após todo o tempo de contato tão íntimo é hora do adeus.

Não houve dia em que não nos sentimos

e não houve noite em que minha língua morna

não mediu sua superfície lisa, em toda sua extensão.

Após esse longo período é fato que você estava dentro de mim

incrustado de maneira que nunca quis extrair, nunca.

Nossos movimentos constantes e ininterruptos

só me foram fonte de prazer e satisfação, isso não hei de esquecer.

Mas decepções sempre afloram,

e nunca imaginei que você pudesse me causar a dor de agora,

das últimas semanas.

Dor essa de maneira intensa e definitiva que não posso mais permitir,

que se faça mais doer.

Por isso, a partir de hoje não sentirei mais saudades,

apesar do vazio que vai me deixar, gozo do prazer de te dizer adeus

e te jogar no lixo, maldito dente 28, o do siso.

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 06/08/2014
Código do texto: T4911440
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