NO VELÓRIO DO VOVÔ

FOI NUM PEQUENO SÍTIO DA FAMILIA, QUE TUDO OCORREU.

ENTÃO vovô morreu. Eu ali firme, perto do caixão. A familia toda por ali. UMA CASA ANTIGA E ACOLHEDORA. O velório era feito nas casas. Na sala da casa de vovó ESTAVAM TODOS REUNIDOS. Do que vovô morreu? NA minha terra, dava uma sapituca na pessoa e morria. Simples.

Mas o que eu mais gostava, nos velórios, era do cheiro do café, coado na cozinha. Tinha café, pão, feito em casa com banha, bolo de fubá.

TUDO Estava alegre de alguma forma, para os herdeiros. Eu ouvia, aqui, ora ali, cochichos. Quem sera que vai ficar com o sitio de baixo? E as vacas? Quem sera que vai ficar com o caminhão?

E assim foi a noite toda.

O dia amanheceu. Mais café, agora tinha leite, fresquinho, tirado aquela hora. MAIS pão, mais bolo, tinha até pinhão. Eu ja estava ficando com enjoos. Aquilo não acabava mais. Fiquei deprimida. EU comecei a pensar sobre coisas sérias. Mas quando eu ja estava a beira das lágrimas, alguem, veio me buscar para o almoço.

Veio um carro preto, funebre levar o meu avô embora.

Sera que eu teria direito a alguma coisa na partilha? Não quis perguntar a ninguem. As pessoas adultas pareciam estranhas.

Ouvi minha tia comentando que sossego que a fazenda estava agora. Que sorte de quem fosse ficar, com as cabras, mais sorte ainda, de quem ficasse com as vacas... Mas ai tive uma luz, perguntar a professora.

Na aula, naquele tumulto de perguntas, me encorajei. Professora porque quando o avô morre, os parentes ficam falando em partilhar os bens?

A professora me olhou, de uma maneira diferente. Ai me justifiquei. É que na noite do velório... e passei a descrever, tudo do café, do pão. Mas quanto mais eu falava, parecia, piorar a situação. Comecei a ficar sem jeito. Eu toda timida.

A sala de aula virou uma confusão. os alunos, começaram a me chamar de gulosa, que eu não tinha sentimentos. Que o velhinho nem tinha esfriado e eu queria ficar com tudo. Tentei explicar, mas foi em vão.

A professora, mandou todos ficarem em silêncio. Aos gritos. Me mandou ir para casa, antes da aula terminar. Dentro da bolsa um bilhete para minha mãe. Bem lacrado, achei melhor

não tentar abrir, ia piorar, mais ainda. Não sei até hoje oque tinha o tal.

Daquele dia em diante, meus pais, começaram, a prestar mais atenção, em mim. A perguntar do que eu precisava, o que eu queria comer . Comecei a estranhar o comportamento da familia. Isto tudo foi, um pouco antes de me mandarem, para um colégio INTERNO.

margarida flores
Enviado por margarida flores em 15/10/2014
Reeditado em 04/02/2015
Código do texto: T5000529
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