Bom dia.

O sol desperta primeiro porque tem suas naturais razões. Mas os dois, debaixo das cobertas, ainda agasalhavam suas contrarrazões.

Quem me contou foi o próprio implicado no drama, que sou seu amigo de fé.

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“Bom dia, meu anjo...”

“Ah, é? Bom dia pra você, que é homem. Você acha que posso ter um bom dia depois de uma noite dessa?”

“Que que houve? Tá passando mal?”

“Passando mal? Quem dera!”

"Então, meu Deus, o que houve?”

“Você sai com a minha irmã, aliás eu já andava desconfiada, se não é a Glorinha me contar tudo, e ainda me pergunta que que houve?”

“- Eu o quê?!...”

“É isso aí. No sonho você levou a minha irmã pro motel e foi a Glorinha que viu e me contou tudo”.

“No sonho?”

“Sim”.

“E que culpa eu tenho se você sonhou uma bobagem dessa?”

“O sonho era forte. E dizem que quando é assim é porque tem um fundo de verdade”.

“Mas meu anjo...”

“Não me chame de meu anjo!”

“Você teve um pesadelo, foi só isso”.

“Pesadelo pra mim, mas pra você foi maravilha, não foi?”

“Eu é que sei?! O sonho era seu!”

“Meu, não. Meu, seu e da minha irmã. E logo hoje... tinha que ser hoje?”

“Seja lá o que for, mas... por quê?”

“Dez anos de casados, já esqueceu?”

“Meu anjo, você sequer me dá tempo pra pensar!... Vamos fazer o seguinte? Vamos levantar, tomar um banho frio e esquecer essa bobagem de sonho, tá legal?”.

“Tá... Vai você primeiro”.

“Eu vou. Quando voltar quero ver você sem essa fantasia na cabeça, tá bom, meu anjo? Ah, você que vai ficar em casa, não esquece de comprar o presente de aniversário da sua irmã para amanhã à noite...”

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Eu acho que lá fora o sol escondeu-se entre as nuvens...