Caipirinha no palácio.

Estavamos visitando o palácio real de Madrid, minha esposa e eu, minha prima e o marido dela, com dois dos filhos adolescentes, e seguiamos um grupo de turistas , de umas vinte pessoas, a maioria oriental, enquanto a guia caminhava à nossa frente, explicando tudo detalhadamente, com ares de professora de piano. É assim que funciona, ninguém anda por conta num lugar desses, até porque se perderia, são 135.000 m2 , com mais de 4.000 quartos.

_ Aqui é o salão dos tronos..., aqui é a farmácia real..., agora estamos no dormitório dos reis..., tudo caminhava muito bem até que a danada da guia , me olhou com uma cara maliciosa , e quando paramos na cozinha real, disse em alto e bom tom..." Aqui é que faziam a caipirinha real", com um sorriso maroto, e olhando para mim , perguntou ao grupo , - Alguém aqui sabe fazer uma caipirinha ? E o marido da minha prima, apontou pra mim, e disse, - " Ele sabe ". E todos se voltaram para mim naquele instante. A minha esposa estava morrendo de rir da sacanagem , e já me conhecendo sabia que eu não me cortaria naquela situação , e acertou...

_" Nosotros cojemos el limón e le quitamos la tripilla, y los ombligos, para no amargar, después lo cortamos al lo largo, en várias partes, lo ponemos con azucar en un vaso ancho, y estrujamos , machacando bién, después el hielo , y por fin la cachaça, o la vodka, como quieran." Eu mal podia acreditar no que estava acontecendo, e ainda mais da minha cara de pau , de estar fazendo aquilo de forma tão compenetrada, entre risos abafados dos meus parentes, e a seriedade dos japoneses, que ficaram me fazendo perguntas, com o maior interesse. A guia , danada , me olhava por cima dos óculos, com arzinho de menina malvada, divertindo-se com a empreitada. Na saída me perguntou se eu era brasileiro, e eu disse que não, mas que havia sido criado no Brasil. A minha mulher achou claramente que ela havia jogado asa , mas apenas se divertiu com tudo, e não deu importância, pois foi hilário.

Mesmo cansado de andar por horas, foi o assunto do dia, ou melhor, o da viagem, eles não paravam de contar o fato a todos. -" Mire, tu primo dió clase de caipirinha en el palácio real ... ", e assim foi mais um pedacinho da minha história.

Na volta a "San Fernando", tive que fazer caipirinha para os parentes,que até filmaram ,enquanto eu explicava o passo a passo, e foi um sucesso, o pessoal adorou . Não encontrei limão taití, e nem a cachaça,mas fiz com lima e vodka, e mesmo assim ficou muito gostosa, até os mais jovens quiseram provar, tamanha curiosidade. Me senti um expert em caipirinha . Modestia a parte, sempre foi muito elogiada, a turma daqui também diz que tenho uma boa mão para coquetéis, ou são um bando de puxa-sacos, rsrsrs.....

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 10/01/2015
Reeditado em 30/01/2015
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