AS COISAS MAIS INÚTEIS

O dono daquele boteco era um sujeito afável e brincalhão. Vivia fazendo brincadeiras com os fregueses. Mão aberta, gostava de fazer apostas:

-Aposto uma cerveja, que consigo derrubar a bola sete na caçapa do canto... Fazia todo tipo de aposta.

Certa vez foi servir a mesa de assíduos jogadores de truco em seu bar e disse:

-Dou uma dose de uísque doze anos a quem falar qual a coisa mais inútil que existe... A turma se interessou. Um deles disse:

-A coisa mais inútil que conheço é o umbigo, quando se está na barriga da mãe é útil, questão de sobrevivência, mas quando se cresce e torna-se adulto, acho que a única função é acumular sujeira...

Outro disse:

-Eu já acho a coisa mais inútil os cabelos do sovaco, quando usava aqueles desodorantes em bastão era terrível, os pelos ficavam “lambrecados” e manchavam as camisas.

O terceiro disse:

-Eu acho a coisa mais inútil é o apêndice, com ele ou sem ele a pessoa vive do mesmo jeito, ele só serve para inflamar e obrigar seu dono a sofrer uma dolorosa cirurgia...

Chegou a vez do quarto participante que não se fez de rogado:

-Eu já acho a coisa mais inútil, muro de cemitério...

Todos estranharam, estavam falando em partes do corpo humano e o sujeito mudou radicalmente o rumo da conversa.

Perguntado o porquê da idéia, ele explicou:

-Ora, muito simples, muro pra quê? Quem ta lá dentro não pode sair, e quem ta fora não quer entrar de jeito nenhum...

Ganhou o prêmio...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 21/12/2015
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