AS COISAS MAIS INÚTEIS
O dono daquele boteco era um sujeito afável e brincalhão. Vivia fazendo brincadeiras com os fregueses. Mão aberta, gostava de fazer apostas:
-Aposto uma cerveja, que consigo derrubar a bola sete na caçapa do canto... Fazia todo tipo de aposta.
Certa vez foi servir a mesa de assíduos jogadores de truco em seu bar e disse:
-Dou uma dose de uísque doze anos a quem falar qual a coisa mais inútil que existe... A turma se interessou. Um deles disse:
-A coisa mais inútil que conheço é o umbigo, quando se está na barriga da mãe é útil, questão de sobrevivência, mas quando se cresce e torna-se adulto, acho que a única função é acumular sujeira...
Outro disse:
-Eu já acho a coisa mais inútil os cabelos do sovaco, quando usava aqueles desodorantes em bastão era terrível, os pelos ficavam “lambrecados” e manchavam as camisas.
O terceiro disse:
-Eu acho a coisa mais inútil é o apêndice, com ele ou sem ele a pessoa vive do mesmo jeito, ele só serve para inflamar e obrigar seu dono a sofrer uma dolorosa cirurgia...
Chegou a vez do quarto participante que não se fez de rogado:
-Eu já acho a coisa mais inútil, muro de cemitério...
Todos estranharam, estavam falando em partes do corpo humano e o sujeito mudou radicalmente o rumo da conversa.
Perguntado o porquê da idéia, ele explicou:
-Ora, muito simples, muro pra quê? Quem ta lá dentro não pode sair, e quem ta fora não quer entrar de jeito nenhum...
Ganhou o prêmio...
***