ACONTECEU no ÔNIBUS

Gilmar entra na padaria. A linda balconista o atende com um sorriso maior que o próprio rosto.

- Bom dia senhor Gilmar!

- Bom dia Rose, hoje vou levar as coxinhas que tanto você insiste para eu experimentar.

- Ai que bom, garanto que o senhor não vai se arrepender. - bate palminhas. - vai levar mais o que?

- Cem gramas de mortadela, cem de queijo e cinco pães, por favor.

- Tudo bem.

Antônio entra na padaria e ao ver seu velho amigo ali, a festa foi garantida.

- Grande Gilmar!

- Grande Antônio. - o abraça. - como tem passado?

- Fora as dores na coluna o restante vai tudo bem, e minha cumadre?

- Beth tem passado por momentos complicados com a saúde também, mas, estamos acertando.

- A velhice vem chegando e com ela as dores, as chatices, reparou que todo velho é meio chato? - Antônio debocha.

- Pois é, eu faço de tudo para não ser assim, quero ser um coroa maneiro.

Rose surge no balcão com o pedido de Gilmar.

- Pronto seu Gilmar, deu 16 reais tudo!

Gilmar enterra a mão no bolso e retira uma nota de vinte.

- Aqui está!

- Vai querer troco? - brinca Rose.

- Oh se vou querer.

A conversa do dois amigos continua do lado de fora da padaria.

- Rapaz, outro dia. - começa Gilmar. - passei por uns maus bocados dentro do ônibus.

- O que houve? - Antônio cruza os braços.

- Fui ao banco, a fila dos velhos estava enorme, eu já sai de casa com vontade de mijar, pois bem, a fila estava enorme, demorei quase duas horas lá dentro, minha bexiga parecia que ia se romper a qualquer momento…

- Você não podia pedir alguém que guardasse seu lugar na fila? - Antônio coça a barba.

- Você sabe como eu sou, não confio em ninguém.

- Caramba, entra ano, sai ano, você continua o mesmo. - Antônio balança à cabeça negativamente.

- Ai, eu fiquei ali, parado, me segurando para não mijar nas calças. Quando finalmente chegou a minha vez, eu tive que ir até o caixa bem devagar, eu estava explodindo, recebi meu pagamento e vim embora.

- Agora sim você parou no bar e mijou?

- Claro que não, eu gosto de mijar no meu banheiro, na minha casa.

- Mas Gilmar, isso faz mal, segurar mijo por tanto tempo assim.

Gilmar franze a testa.

- É mesmo?

- Sim, acho que desenvolve calculo renal, não sei se é verdade.

- Melhor ver no Google. - ambos riem.

- Bom, deixa eu terminar, preciso ir para fazer o café de dona Elizabete. - pigarreia. - ai cara, meu ônibus demorou a vir, fiquei no ponto me contorcendo e me arrepiando. Do meu lado tinha uma mocinha que não parava de falar no telefone, e você sabe como isso me irrita, pessoas falando alto e sem parar. Depois de alguns longos minutos veio o ônibus, graças a Deus a menina não subiu. Cara, quando achei que tudo estava indo bem, o pior aconteceu…

- Ai, meu Deus! - Antônio arregala os olhos.

- Engarrafamento. - fala lentamente.

- Putz, que merda hein!

- Merda? Coloca merda nisso. - algo entra nos olhos de Gilmar e ele pede para que seu amigo sopre. - valeu, odeio quando um cisco entra nos olhos.

- E quem gosta?

- Sei lá, tem doido pra tudo!

- E ai, o que você arrumou, desceu pra mijar?

- Que nada, segurei firme. Cara, simplesmente o ônibus não andava, parou de vez.

- Se fosse eu, pedia o motorista para abri e eu desceria.

- Tem que ser guerreiro, Antônio, segurar firme. - pega no ombro ossudo do amigo. - pois bem, lá estava eu, com a bexiga cheia, o trânsito parado, meia hora, de repente, olho para o lado e o que vejo? Uma mulher com uma criança. A bolsa da criança estava semi aberta, logo localizei a mamadeira vazia.

- Meu pai, você não fez o que eu estou pensando? - Antônio levanta uma das sobrancelhas.

- Cara, pior que fiz. Peguei a mamadeira sem ele ver, abri, olhei para os lados, todo mundo reclamando do trânsito, abri meu ziper e me aliviei, mijei muito, até quase transbordar. Coloquei a tampinha e botei a mamadeira de volta no lugar.

- Caramba Gilmar, que maldade. - cruza os braços outra vez.

- O pior você não sabe, a criança começou a chorar e ela deu a mamadeira para o menino, ela era babá da criança, ela achou que a patroa tivesse feito chá.

- E ai?

- O moleque tomou e gostou, parou de chorar. - limpa a garganta. - muito curiosa, a babá experimentou e ainda elogiou, deu para ouvir o que ela disse, “nossa, que chazinho gostoso, né bebê, quentinho e docinho”. Cara, quando ouvi isso, não aguentei, comecei a rir, baixinho ,mas ri a valer.

Meio constrangido Antônio fala.

- Cara, se eu fosse você pararia de ri.

- Ué, porque?

- Urina doce não é bom sinal.

- Não? - diz com olhar soturno.

- Não, e quando o mijo está assim, “docinho” o nível de diabetes está altíssimo. - bate no ombro do amigo. - é Gilmar, melhor você ver isso hein, tenha um bom dia!

Júlio Finegan
Enviado por Júlio Finegan em 24/09/2016
Código do texto: T5771467
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