O TOQUE
O TOQUE
Gervásio era um fazendeiro da nossa região.Tinha 60 anos e nunca havia procurado um médico.
Depois de certo tempo, começou a sentir dores ao urinar. Em conversa com o compadre Virgílio, foi aconselhado a procurar um médico. Gervásio foi até a cidade e consultou o médico do Posto de Saúde que, depois de examiná-lo, pediu-lhe que fizesse um exame de sangue. Assim fez o Gervásio. Quando o médico viu o exame, pediu-lhe que procurasse um urologista para tratar do seu problema.
Gervásio procurou um urologista, e a consulta foi marcada para a semana seguinte. O seu compadre Virgílio foi com ele.
Chegando ao consultório, o médico lhe fez a primeira pergunta:- A sua urina é curta?
Depois de pensar, o Gervásio respondeu: - Olha doutor, antigamente, ela era comprida, dava para urinar a uns dois metros de distância. Hoje, já estou molhando até a botina!
- Estou querendo saber se o senhor está urinando com intervalos mais curtos, isto é, várias vezes em pouco tempo, principalmente à noite.
Gervásio respondeu: - É assim mesmo doutor!
- O senhor já fez um toque?
- Adoro um toque doutor. Ainda na semana passada, fizemos um em minha casa. O Pedrinho, o Teixeirinha, o Zé Geraldo e eu. Foi uma beleza! Tocamos a noite toda!
A minha sanfona nunca havia tocado tanto...
- O senhor não está me entendendo! estou me referindo a um toque no ânus.
- Ih, doutor! Já tocamos nos anos do Mirtinho Paiva, do Carlinhos, do Renato e de muitos outros amigos.
- Estou me referindo ao toque no reto, diz o doutor, já perdendo a paciência.
E continuou : desce as calças que irei lhe mostrar onde fica o reto.
- Isto não! O senhor está me estranhando? Ninguém nunca me fez uma proposta desta! E tem mais, para ver o reto não precisa baixar as calças.
Depois de marchas e contramarchas, chegaram nos finalmente.
E lá estava o nosso amigo na posição correta e morrendo de raiva.
Terminada a consulta, o médico disse ao Gervásio: - O senhor deu sorte, não será necessária a cirurgia da próstata. O senhor veio a tempo e com os medicamentos ficará curado.
- Doutor, se isso é sorte, o azar deve ser o inferno, pois nunca sofri tanto em minha vida! E tem mais, doutor, o senhor não vai dizer para ninguém que eu fiz esse exame, principalmente, para minha mulher e o compadre Virgílio!
Murilo Vidigal Carneiro
Calambau,agosto/2017