O Sol e a Lua também têm o seu dia de D.R. (*)
 

– ... Minha querida Lua, eu entendo que na Terra as mulheres tenham conquistado muitos direitos.
– É óbvio! O sexo feminino sempre trabalhou mais que o masculino. E a mulher é quem dá à luz homens e mulheres da Terra.
– Mas isso são as mulheres. Você não é mulher. Para os terráqueos, você é um mero substantivo feminino. Porque a fonte de vida sou eu.
– Ah! o todo poderoso!... Você não era assim... Estou lhe desconhecendo...
– Veja bem: quando ninguém me vê mais, pensa que fui dormir. Ledo engano. Estou de plantão, servindo no além-horizonte. Diferente de você, que vive de fases: um dia está no quarto minguante; outro, no quarto crescente; um dia, cheia... E para mim, se está cheia, é porque no outro esteve vazia...
– Epa! Vazia não. Nova! Não tente me diminuir, meu querido Sol. Não existe fase vazia. E se eu não fosse importante, eu não existiria como corpo celeste. E essas fases são exclusivas de um ser, assim como eu, dotado de mistérios... Não tenho culpa se você vive da mesmice e não tem o dom de encantar.
– É? Está certo. Mas lembre-se, meu bem, que sou eu, o rei Sol, que sempre trabalha duro para você brilhar. E, além disso, tenho que suportar poetas tresloucados que vivem lhe endeusando o tempo todo.
– Não fale assim deles. Não acredito que você esteja com ciúmes dos meus admiradores! Pois saiba que eles acham você muito importante, viu?
– Não estou com ciúmes, não. E só acredito que eles me acham importante no dia em que eles me olharem cara a cara.
 
Então, disse a lua: “Só se for no dia do nosso casamento”.
 
O Sol esquentou muito. Ninguém sabe se de raiva ou de ansiedade.
 
 

 
(*) Discutir a Relação.