BUNDOMANCIA (Olhando o futuro por trás)

BUNDOMANCIA (Olhando o futuro por trás)

(Autor: Antonio Brás Constante)

Em um mundo cheio de ódio e violência, com pessoas cada vez mais preocupadas com o futuro, o parapsicólogo cego Ulf Buck da Alemanha descobriu que a melhor coisa a se fazer é levantar o traseiro da cadeira e se guiar por ele. Como? Através de uma nova pseudociência conhecida como “bundomancia” (leitura do futuro através das linhas das nádegas). Para aqueles que já conheciam a quiromancia e a cartomancia, eis que no meio de tantas “ânsias” surge a bundomancia. Se para muitos já parecia improvável a previsão do futuro através da borra de café, conchas e bolas de cristal, o que eles dirão desta nova atividade?

Imagine alguém lhe apalpando, tocando. Entrando profundamente nos seus mistérios. Vendo coisas que até mesmo você desconhece sobre si mesmo. Cutucando sua intimidade de todas as formas possíveis. Nunca se imaginou que algo tão íntimo e bem guardado seria tão revelador.

Aqui no Brasil, como boa parte das pessoas adora praia, os adeptos desta nova atividade mediúnica provavelmente acabariam unindo o útil ao agradável, ou seja, realizando as consultas a beira-mar, pois os clientes já chegariam com seus objetos de leitura expostos ao sol.

Também seria uma ótima desculpa para o macharedo que anda pela praia de óculos escuros, tentando disfarçar suas olhadas indiscretas para as beldades deitadas na areia. Eles Poderiam passar a olhar abertamente para o bumbum que quisessem e se algum marido ciumento lhes intimasse, diriam que eram bundomantes e que estavam apenas efetuando uma consulta gratuita. Até os adeptos da famosa “mão boba” passariam a utilizar a bundomancia como desculpa para seus atos. Nas festas se um desconhecido lhe dissesse: “tire a roupa que eu quero desvendar os seus mistérios”, poderia ser apenas um Bundomante interessado em conhecer você através das marcas causadas por suas estrias.

Falando em estrias, a cirurgia plástica seria capaz de mudar um futuro indesejado que fosse observado nas linhas de suas nádegas. E você ainda poderia justificar para o seu plano de saúde que a plástica não foi feita por razões estéticas e sim pela necessidade de alterar o curso de sua vida.

As bundas cabeludas cederiam lugar para as bundas cabalísticas. Se o sujeito estivesse temeroso quanto ao seu futuro na empresa, poderia tentar evitar o famoso “pé na bunda”, através deste método “mão na bunda”. Pense que você pode estar neste momento literalmente sentado no seu próprio destino.

Enfim, caso desse certo este tipo de consulta mediúnica, ela poderia ser utilizada por reis e governantes para guiá-los em suas ações junto às nações, percebendo se os seus governos conseguiriam trazer períodos de abundância para população, ou se tudo continuaria na mesma “M”. Bastaria o líder político chegar e baixar as calças que tudo se revelaria. Finalmente seriam justificadas as tantas decisões que ocorrem por baixo dos panos. E, sinceramente, muitas das coisas que já acontecem hoje em dia, não parecem ter sido planejadas com base em uma leitura assim?

E-mail: abrasc@terra.com.br

(Site: www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc)

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 13/10/2007
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