Tempos do BB_3_O nome do palavrão

Quando eu era funcionário da agência do BB, em Grajaú, havia um Caixa, o Fernando, gente boa, mas de estopim curto. Um dia, havia uma fila muito grande no seu guichê, ele continuava a pagar e a receber tranqüilamente, quando um cliente resmungou:

- Não dá para ir mais depressa, cara?

- Senhor, estou fazendo o que posso.

- É, mas tu és muito moleirão, pior que uma tartaruga, cara!

- Quer saber de uma coisa? Vá-se à porra!

O cliente ofendeu-se e foi fazer queixa ao gerente, seu Bacelar. Este, sujeito finíssimo, era o típico gerente paizão, sempre avesso a dar “canetadas” de punição em seus funcionários. Sabendo que o cliente poderia oferecer queixa escrita ao banco, contra o funcionário, e, nesse caso, ele seria obrigado a tomar as providências oficiais de praxe, chamou o nosso colega e, sutilmente, encaminhou a conversa para uma saída honrosa do Fernando:

- Senhor Fernando, o cidadão aqui, nosso prezado cliente, está reclamando de que o senhor ofendeu-lhe com um palavrão. Eu, particularmente, acredito que o senhor falou alguma coisa que o cidadão entendeu errado, porque um funcionário do Banco do Brasil jamais trataria mal um cliente, não é mesmo, senhor Fernando?

A agência estava no maior silêncio, todo mundo atento ao desenrolar da situação. A idéia que passava por todas as cabeças era a mais lógica: Fernando iria aproveitar a “deixa” do seu Bacelar e safar-se do abacaxi numa boa. E o Fernando perguntou, preocupado:

- Qual foi o nome que ele disse que eu mandei?

Seu Bacelar baixou o tom de voz:

- Ele disse que o senhor o mandou “à porra”...

Fernando suspirou, aliviado:

- Ah, ainda bem, foi esse mesmo...

Só não houve uma gargalhada geral porque se tratava de um circunspecto recinto do Banco do Brasil, na década de 60...

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 23/10/2007
Reeditado em 30/03/2011
Código do texto: T706374
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