Sonho do avô durante seu cochilo meio pandêmico

Enquanto o neto brinca com seu aparelho portátil, o avô se delicia com as músicas saídas do mesmo. Balouçando-se numa cadeira enquanto folheia o livro: “A Serviço da Pátria”.

É quando o avô aguça os ouvidos para rememorar seus vividos anos, com a música saída da pequena máquina eletrônica do neto: “Cabeça branca / Olhar perdido no passado / Recorda o tempo / Que não volta mais / De outros carnavais”...

De repente a música do aparelho do neto muda e entra o Hino Nacional. O avô se levanta, meio desajeitado, sobre a sua bengala, e coloca o livro no lado esquerdo do peito em sinal de reverência. Nesse ínterim, a campainha toca. Era um grupo de pessoas fantasiadas de "políticos sem máscaras", atraídas pelo hino e querendo saber se seria ali o lugar de reunião para o ensaio do “carnaval fora de época”.

Neste momento encerra-se o hino e entra outra música: "Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão / Se gritar pega ladrão, não fica um..."

Aí foi o caos. Debandada geral. O som que se ouve, agora, é o da sirene da polícia.

- Saiam todos de mãos para o alto! Grita a polícia.

Sai o avô, levantando a bengala e o livro. Em seguida sai o neto, levantando um tal de smartphone.

Edmilson N Soares
Enviado por Edmilson N Soares em 26/09/2020
Código do texto: T7072739
Classificação de conteúdo: seguro