O masoquista belicoso

Tenho um amigo que os outros amigos e familiares o acham um chato. É a natureza dele de ser um masoquista provocador. Ele provoca pessoas, as quais ele nunca, nunca mesmo poderá vencê-las.

Na verdade, como ele afirma, não mira as instituições, mas as pessoas da banda podre que fazem parte delas.

Noutro dia, num casamento do filho de um amigo do nosso meio, ficamos sabendo que fulano de tal tinha trocado todos os três aparelhos de ar-condicionado por um novo modelo (Invert). Por coincidência, mais outros quatro conhecidos também.

O amigo masoquista afirmou na presença deles que a Santa Casa também iria substituir os antigos aparelhos pelo modelo Invert. eles desviaram o olhar.

O belicoso masoquista ainda não sabe da coincidência do porquê os cidadãos e cidadãs, acima citados, estavam doando seus antigos aparelhos para a Santa Casa.

Imagino o que o amigo masoquista irá elucubrar quando descobrir que a direção da Santa Casa substituiu os velhos e defeituosos aparelhos pelos das doações.

Que a fabricante (ou importadora?) do Invert ganhou a licitação e dezenas de cidadãos honoráveis portam agora em suas casas o maravilhoso último modelo.

A Santa Casa está em situação de penúria e todos nós praticamente somos cobrados um percentual do nosso iptu para manter a dita, tão necessária, instituição.

Procuro me manter fora dessa esfera de sortudos. Mas, quem faz o meio? Meu amigo provocador masoquista tenta, mesmo eu lhe fazendo entender que o homem é suas circunstancias (Otega y Gasset)