LEIA ISSO!!

Este conto foi apenas redigido por mim. Na verdade ele foi o sonho de um amigo, Rafael Hackbart, contado de maneira tão hilária que pedia por um conto, implorava! Contou também com a ajuda de Boby Vendramim e seus comentários impagáveis... LEIA ISSO!!!

Aconteceu comigo. Não vi isso em filme algum nem me pergunte se uso drogas. Bem, não pergunte mesmo.

Era um prédio cinza concreto, daqueles públicos, sujo pelo tempo, com um fosso de circulação interna, de onde eu, olhando de um dos últimos andares conseguia ver todo o prédio internamente, e eram poucos andares, eu estava então no quinto.

Havia uma movimentação estranha no andar térreo, onde várias pessoas circulavam, mas elas não andavam normalmente apressadas, como as que andam nestes prédios públicos, elas fugiam de uma criatura estranha, como um alienígena matador ou algo que o valha. Sim, sou fanático por cinema, antes que você me pergunte se ele se parecia com o “Predador”. E era quase isso.

Foi quando vi meu amigo, Tobias, Fernando, Rodolfo ou Josué, até por que não me lembro do nome dele ao certo mas era mesmo um grande amigo, destes de sonho, andando no andar térreo, prestes a ser destroçado pela tal criatura. Creio que você já deva ter arranjado um grande amigo em sonho, não? Pode ter certeza de que ele era mesmo um desses. O chamaremos de Zé. Pois então, Zé estava ali, desesperado junto com todos que eram atacados pelo tal monstro e eu, presenciando aquela cena grotesca, fiz o que qualquer amigo faria. Pulei do quinto andar para salvá-lo. Logicamente, como qualquer outro amigo, morri.

Acordei sentado em uma poltrona marrom, daquelas escocesas, muito confortáveis. Pensei: “Morri? Até aqui o inferno parece gostoso” Sim, eu sempre pensei que iria direto para o inferno. E não suspeitava que meu vôo para lá fizesse escala em algum lugar antes do final. E fez. Era uma sala de estar bonita, uma casa perfeita, e a Morte apareceu vindo de um dos cômodos desta casa. Me senti como que acordando na casa de um amigo que estava terminando a faxina. E já acordei assim algumas vezes... Mas ela não vestia o habitual Parka ou limpava o chão com a foice, adaptada à vassoura. Ela era linda. Cabelos negros, olhos vivos, roupa preta provocante, botas “Harley Davidson” e um “Ank”, a Cruz de Isis, visível e lindo em seu colo muito branco. Eu amei ter morrido, literalmente.

Ela, muito tranqüila, sentou-se a minha frente e entre várias coisas que me contou comentou que, aquilo, não seria o “fim da linha” e que precisava de um pequeno serviço meu, o que garantiria o retorno ao meu mundo, a minha vida. Pensei: “Serei eu re-inserido na Matrix?” Ela: “Menos Rafael, menos...”

Então me deu um mapa envelhecido, destes que aparecem nos finais de livros do Tolkien, enrolado como um pergaminho, e quando o peguei, imediatamente uma sensação de impulso tomou conta de mim. Fui como que atirado da poltrona para um gramado muito verde, num dia de sol, e estava ali, calça jeans, camiseta listrada, “All Star” preto num campo verde de Justas Medievais, aliás, todas as pessoas a minha volta vestiam roupas medievais. Gibões e longas saias, linho e couro, me senti nu. Como isso nunca foi muito problemático para mim, saí andando.

Abri o mapa. Era um GPS arcaico, com uma indicação de onde eu estava, e uma linha pontilhada que me mostrava onde eu deveria ir. A vantagem era a ausência do uso de baterias, odeio baterias.

Segui a linha pontilhada e cheguei a uma feira. Era uma típica feira medieval, até então, vendendo artigos como armas, botas, peças de armaduras e itens de alimentação. Passei por ela seguindo a linha, e continuei até chegar a uma outra feira, sobre um tablado de madeira, e nela, eram vendidos artigos mágicos. Pensei em Harry Potter, mas afastei isso de minha mente. Qualquer coisa menos Harry Potter. E quadribol. Se eu o visse neste momento acreditaria cegamente ter sido enviado para o inferno. Tentei prestar atenção à feira e esconder o rosto de qualquer magrelo de óculos que passasse perto de mim.

Fiquei fascinado pelo que via. Eram armaduras contra bafo de Dragão, amuletos contra veneno de Manticore, lágrima de Unicórnio em cápsulas para os amores impossíveis. Lembrei da Ana da Federal, e lembrei também que não estava com a minha carteira. Vi mulheres como bruxas, vendendo ás escondidas coisas muito bizarras, um “mercado negro” dentro da feira mágica, coisas que não ouso descrever neste conto... Mentira, eu não lembro. Não vou te sacanear agora.

Parei numa barraca onde o vendedor parecia-se com um turco, com vários artigos mágicos que multiplicavam efeitos naturais, ou seja, te dariam super poderes. Eram botas “Sete Léguas” que andavam as sete léguas em um único passo – voltei a lembrar da Federal mas por outros motivos – uma pedra de Jade que responderia literalmente apenas perguntas exatas – novamente a Federal, lembrei das provas de bioestatística, e eu sem a maldita carteira! – e então eu as vi: As Jujubas Coloridas. Jujubas... Impossível não querer ver o manual ao lado do vidro onde estavam... O que eu poderia querer com Jujubas? Grudam no céu da boca, deixam sua língua colorida e derretem sempre no bolso da sua melhor calça. Mas fui ao manual. Cada cor tinha um poder específico: As vermelhas eram para invisibilidade, as verdes para saltos a longa distância, as rosas para super velocidade e assim por diante. Achei brilhante. Poderiam inclusive derreter na minha calça, não ligaria. Eram perfeitas. Eu sem a carteira. O turco ocupado com o decote de uma loira que comprava sapos mágicos fez o meu momento. Peguei o vidro todo e o escondi.

Você poderá neste instante me perguntar onde escondi o vidro. Não ousarei responder, até por que, não lembro. Contudo peço que prossiga lendo e esqueça este pequeno detalhe tanto quanto não se ocupe acerca de minha masculinidade pois, jamais esconderia o vidro de Jujubas Mágicas exatamente onde você sugeriu agora. Sim, você sugeriu. Se já leu até aqui, com certeza já sugeriu.

Saí disfarçadamente. Continuei andando. Em certo momento, olhei para a o lado de onde tinha vindo e percebi que a imagem era desfocada, eu não conseguia enxergar nada. Perguntei a uma senhora que vendia flores falantes se isso era normal, comentei que não conseguia ver adiante do tablado, tudo se desfocava. Ela falou que isso era natural, pois aquela era uma feria mágica e todo o tempo ali corria de forma diferente. Pensei apavorado que precisava sair dali, olhei o mapa novamente e ele aparecia em branco. Realmente me apavorei. Prova de Hematologia no dia seguinte. Ferrado. Saí correndo.

Quando pisei para fora da feira, me vi no centro de Curitiba, ao lado do prédio da Federal. Olhei para trás e vi que o local de onde eu tinha vindo havia se transformado em uma lanchonete e o turco, dono do vidro de Jujubas, estava com um avental sujo dentro da lanchonete. Olhava para fora com ar ressabiado.

Recuperado do choque, após tudo o que tinha visto, perguntei para alguém que passava que horas eram, e descobri que tinha voltado pouco tempo antes de minha morte. Saí em disparada para o prédio acinzentado. Zé ainda estaria lá.

Entrei correndo e misteriosamente apareci no mesmo quinto andar onde estava antes de morrer. Como? Não sei. Façamos assim, deixarei três pontos a partir deste instante e você completará o parágrafo. Só não me sacaneie por que sou um cara de família. Pronto? Três pontos para você...

Presenciei o começo de toda a correria por conta do alienígena que matava a todos. Precisava salvar o Zé, mas como faria isso? Lembrei do pote de Jujubas, o tirei, você não sabe de onde e eu não contarei, e ele escorregando de minhas mãos espatifou-se no chão. E, advinhe se eu, no afã do roubo dentro da feira, me lembrei de pegar o manual das Jujubas? Pois bem, peguei a primeira que consegui no chão, uma azul, a pus na boca e pulei do quinto andar.

Quando pulei, pouco antes de chegar ao chão, compreendi o efeito da maldita Jujuba azul... Eu quiquei. Ridiculamente, como num desenho animado idiota, eu quiquei. Por que não uma Jujuba que me fizesse voar? Por que não uma Jujuba que me fizesse correr? Quicar era vergonhoso! Mas, era a única forma de salvar o Zé... Dando mais um impulso, quiquei novamente, o agarrei, ele espantado, tanto pelo meu maravilhoso super poder – por que não garras de Adamantium? Seriam mais dignas – e também por se ver salvo do maldito monstro. E assim eu, com Zé, quicando, saímos safos do prédio cinza...

É, acabou. Eu acordei. Agora me pergunte como foi a prova de Hematologia...

Carla Umbria
Enviado por Carla Umbria em 20/11/2007
Reeditado em 30/05/2014
Código do texto: T744726
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