FRANCISCO MESSENECA

Já contavam essa história muito antes de eu chegar aqui no Ingá do Bacamarte, a história de nhô Meca, registrado no cartório como Francisco Messeneca, duma família dessas que não gostava muito do trampo. Mas que era gente boa.

Herdara o sítio ainda moço, logo depois do seu casamento com dona Berenice, filha do Sr. Nhóla, já falecido.

O homem era a própria moleza em pessoa, não queria nem saber de trabalho, somente ficar na beira da lagoa.

Mas como a natureza corrige o ser humano, com esse não poderia ser diferente.

Estava lá pescando ( ele novamente ) por volta da metade do dia, quase cochilando, quando veio uma voz de dentro da mata e perguntou : “ _ Quer ficar rico ? “.

Nhô Meca arregalou um baita zóio, ficou branco que nem papel, e saiu correndo, se borrando todo de medo.

_ Que foi homem ? Parece que viu fantasma. Perguntou dona Berenice.

_ Vê, num vi, mas ouvi. Respondeu já quase sem fôlego.

_ Eta homem frouxo, além de mole é cagão. Disse baixinho para si mesma.

Mas como o bicho é insistente, no outro dia lá vai a criatura de novo. Parece que não se emenda.

E novamente veio aquela voz da mata.

_ Quer ficar rico ?

E o poço de coragem sai em disparada, que nem aquele burro chucro do mato.

_ Mulher do céu, tem assombração na mata, eu estava pescado, lá numa boa, e veio uma voz de dentro da mata e perguntou se eu queria ficar rico.

_Mais você é mesmo cagão eim homem, e sai correndo, as vezes é alguma alma penada que esta querendo te mostrar algum tesouro escondido, e daí nós ficamos ricos mesmo. Disse dona Berenice com um olhar que parecia ver cifras voando.

Mas no outro dia, o grande homem decidido de sua ação, foi até um pouco mais cedo para beira da lagoa. Eu disse decidido ?

Já fazia tempo que ele estava lá, desde as seis da manhã, e já eram quase três da tarde.

_ Mas será o São Benedito, logo hoje vai falhar ? Pensou.

Cochilou um pouco. Já estava quase desistindo, quando veio novamente a voz de dentro da mata e perguntou: “ _ Quer ficar rico ? “

Ele encheu o peito de ar e respondeu:

_ Quero!

E a mata respondeu:

_ Vai trabalhar vagabundo.

_ Alminha sem graça. Disse baixinho, virou-se e foi embora.