PAULO SAMAMBAIA O BEBERRÃO

Coitado do Paulo: nasceu pobre, viveu pobre e morreu pobre...

Eu o conheci desde criança, éramos mais ou menos, da mesma idade. Ele era conhecido por “Paulo da Maria do Mato”, seu apelido de samambaia veio depois de adulto, por furtar vasos de samambaia para vender e arranjar dinheiro para cachaça. Ia de casa em casa pedindo sobras de comida. Conheci dois de seus irmãos: Fernando e Eustáquio, este, recentemente falecido. Paulo Praticava pequenos furtos e as mães não gostavam que seus filhos brincassem com ele. Porém, quando brincávamos de peladas na Avenida Joaquina do Pompéu, ele pedia para brincar. Como era muito ruim de bola, era o último a ser selecionado na formação dos times. A Avenida Joaquina do Pompéu, de terra, nessa época tinha pouco movimento, dificilmente passava um carro ou caminhão, eram só carroças, cavaleiros, carros de boi, e até boiadas. Uma das laterais era ocupada por profundas grotas, provenientes de erosão pluvial, onde a molecada fazia esconderijos nas brincadeiras de faroeste.

Paulo certa vez, ficou sumido por muito tempo, deve ter ido parar em alguma “Febem” da vida, aprendeu a ler e a escrever e também a fumar e beber. Vivia bêbado e dormindo pelas ruas. Constantemente era preso, por perturbação e furtos. Certa vez, um juiz mais rigoroso aplicou-lhe uma pena “elástica”, ficou mais de um ano preso. Por sua abstinência forçada, recuperou-se engordou, as feridas de seus pés sararam e todos pensavam que ele tinha se curado do vício. Ledo engano: foi só sair do “ergástulo público” e literalmente voou para o primeiro boteco e encheu a cara. Aí começou tudo de novo.

Certo dia ele estava parado ao lado de uma casa com uma vasta bananeira, havia um cacho de bananas no ponto de colheita perto do muro. Ao passar um transeunte, ele falou:

-Quer me comprar aquele cacho de bananas?

O sujeito respondeu:

-Que isso, sô, o cacho de bananas não é seu...

-De noite eu venho cá e cato ele. Respondeu Paulo.

Pouco antes de morrer, Paulo sentindo os efeitos da cirrose, andava acabrunhado e irritado. Eu estava na fila da loteria esportiva e ele sentado perto da porta usando um boné encardido. Ele começou a coçar a cabeça por cima do boné. Um sujeito da fila rindo, falou:

-Olhem lá, o Paulo não tira o boné para coçar a cabeça...

Paulo irritado com as risadas, respondeu na bucha:

-Ora seu fédaputa, ocê por acaso tira a calça para coçar o c...?

Mexe com quem está quieto...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 02/06/2022
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