A MAQUINA DE LAVAR

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA

Alícia, assim que o marido chegou em casa, foi logo lhe dizendo:

- Meu bem, a máquina de lavar está com defeito. Amanhã cedo, quando você sair para o serviço, iremos juntos e ficarei no centro da cidade. Vou dar um pulo na loja onde a compramos. Ainda está na garantia.

Geovani concordou, com um leve balançar de cabeça. Deu um beijo na esposa e foi jantar.

No dia seguinte, conforme anunciado, a mulher foi à loja e reclamou do defeito. Na parte da tarde, o representante da loja consertou a lavadora na residência.

Poucos dias depois, a esposa novamente avisou ao marido que a lavadora voltara a apresentar defeito. Como da vez anterior, à tarde o mecânico esteve na dita moradia reparando a máquina.

Todavia, o ritual repetia-se semanalmente: a lavadora apresentando defeito e Alícia comparecendo na loja vendedora para reclamar, acobertada pela vigência da garantia.

Ela, assim, já era sobremodo conhecida dos funcionários da loja. Cumprimentava a todos e, sem cerimônia, subia as escadas em direção ao escritório para falar com o gerente.

Geovani contabilizou cinco vezes a ida do mecânico na sua casa, ou seja, uma vez por semana. Pensativo, notou que alguma coisa estava errada, pois, apesar do contratempo da máquina de lavar, sua esposa não se irritava, chamava o mecânico de muito bom humor.

Na terça-feira, a esposa voltou a reclamar de mais um defeito para o seu consorte, acrescentando que chamaria o mecânico.

O marido, desconfiado, deixou a esposa na loja, porém voltou para as imediações de sua casa, esperando para ver melhor quem era o mecânico, a fim de tirar uma conclusão definitiva.

Muito tempo depois, Alícia retornou, Geovani continuou esperando pelo já suspeito mecânico.

Assim que ele chegou, o marido preparou-se para dar o flagrante.

Esperou o tempo suficiente e adentrou na residência, nervoso e com o espírito preparado para a cena. Para a sua surpresa, ficou completamente estático com o que viu, ou seja, o mecânico era um senhor de setenta anos aproximadamente, estava de joelhos mexendo na máquina de lavar. As peças espalhadas pelo chão. Suas mãos estavam sujas de óleo e graxa. Nada, portanto, digno de suspeita ou real, relativamente a um suposto adultério.

Alegando muita dor de cabeça, Geovani ficou em casa. Não foi trabalhar. Sua esposa deitou-se a seu lado, daí a pouco ambos estavam num perfeito conluio amoroso.

No dia seguinte, os dois foram à loja comprar uma pequena peça da lavadora, causadora de todos os defeitos que vinha apresentando.

Assim que chegaram, foram gentilmente recebidos por Albertino, um jovem gerente muito simpático e vistoso, de aproximadamente trinta anos de idade, que os encaminhou para a seção de peças.

Ao sair, o casal passou novamente pelo gerente, que se despediu gentilmente. Mas, sem que o marido percebesse, deu uma piscada de olhos para Alícia, que correspondeu com um leve sorriso. Ela ainda recebeu um leve beliscão no traseiro, enquanto seu marido já seguia adiante.

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 10/12/2007
Reeditado em 18/12/2007
Código do texto: T772428
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