A Seita da Grã Ordem da lamparina Sagrada - Parte XII

A Seita da Grã Ordem da Lamparina Sagrada – Parte XII

A Mecânica Quântica é muito estranha.

Os caras que estudam Física ou Matemática também são muito estranhos. Geralmente são uns lunáticos, com alguma deficiência visual, que precisam de óculos com lentes bem grossas, para evitar que se choquem uns com os outros, nas suas reuniões para decidir o futuro do universo.

Nestas reuniões, quando não estão se chocando uns contra os outros, eles costumam postular coisas bem estranhas.

Segundo estes lunáticos de óculos de fundo de garrafa, as partículas primordiais que compõem a matéria , entre muitas propriedades estranhas , tem uma que se chama “emaranhamento”. Este fenômeno se dá quanto duas partículas tem ligações intrínsecas entre si, mesmo quando estão afastadas no espaço. A medição das propriedades de uma, implica no comportamento da outra. Quanto estão emaranhados, um fóton que tem um determinado valor de rotação spin, determina que o seu par também tenha este mesmo valor e em direção oposta.

Então se colocarmos pra rodar um pedacinho de matéria aqui neste lado desinteressante da galáxia, e mandarmos o outro pedacinho pra depois de Betelguese, a quinhentos mil anos-luz de distancia, significa que o pedacinho, imediatamente, vai começar a girar, embora em sentido oposto e num lugar bem mais divertido e interessante do que aqui.

Este tipo de coisa não parece ter nenhuma utilidade pratica, mas ilustra bem o relacionamento existente entre o grande Ramis Seomis e Oarabotlim.

Como um par de partículas emaranhadas , eles eram grandes parceiros. Formavam uma dupla coesa e inseparável. Tinham harmonia nesta bipolaridade. Eram duas unidades em sincronia com a amplitude de um todo.

Mas não eram como estas duplinhas vulgares, que abundam por aí. Estas duplinhas insossas como Batman e Robin, Jimmi Page e Robert Plant, Wiston Churchil e Charles de Gaulle, Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, Proudt e Bakunim, Claudinho e Buchecha, Bonnie e Clyde, Fátima Bernardes e Willian Bonner, Butch Cassyd e Sundance kid ou Trancao e Falafina.

Eram uma dupla peculiar.

Eram uma dupla muito, muito estranha.

Os elementos desta dupla não se completavam, como nas outras duplas, mas se anulavam.

Como partículas elementares da matéria, eles eram carregados eletricamente por cargas equivalentes mas de polaridade inversa. Desta forma , quando se chocavam – e isto acontecia muito quando estavam bêbados – se anulavam mutuamente, liberando energia em forma de palavrões e insultos.

Oarabotlim era um covarde, prepotente que se achava dono da verdade. Ramis Seomis era um desvairado, megalomaníaco que pensava não existir verdade alem da sua própria existência.

Enquanto Oarabotlim se portava como um bêbado, amoral, alcoólatra, obtuso, dissimulado, irresponsável e completamente sem noção de coisa alguma, Ramis Seomis em contrapartida, era também um beberrão, calhorda, inconseqüente, fanfarrão, farsante, demente e totalmente sem o menor senso de ridículo.

Alem disto tudo, os dois tinham um jeito diferente de falar. Principalmente quando falavam entre si. Falavam como se falassem em um código particular, mas um código tão particular, que cada um tinha o seu próprio.

O entendimento e a boa comunicação não eram objetivos de suas conversas. Mas suas conversas não tinham muito conteúdo mesmo pra ser entendido, então eles conversavam e se davam bem. O que sobrava das coisas que eles diziam e não tinha sentido, estava codificado, e eles passavam horas conversando sem que um entendesse o que o outro queria dizer.

Ramis Seomis estava voltando com o tênis ainda sujo de cocô do pântano do sapo consultor de empresas, quando encontrou Oarabotlim semi inconsciente, escornado em cima de uma fogueira que não havia funcionado e nem dado certo:

__ E aí, Grande Incubador de Protozoários, quié que você esta fazendo deitado nesta fogueira que não funcionou e nem deu certo?

Percebendo que Oarabotlim não se mexia, Ramis o cutucou com a ponta de seu tênis nike sujo do pântano de cocô. Como o farsante continuava imóvel, Ramis aproveitou para cutucar com os lados e com a sola do tênis também, já que era muito improvável que tivesse outra oportunidade de limpar um tênis sujo de cocô nas roupas de Oarabotlim.

Continua no proximo capitulo...

milimetro
Enviado por milimetro em 15/12/2007
Reeditado em 10/01/2008
Código do texto: T779400
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