Tudo que ele falava, usava a sílaba “mo” ao final de cada palavra. Diziam que era um cacoete adquirido nos primeiros anos de vida. Outros falavam que era o soluço do capiroto. Vejam só que imaginação!

Ainda adolescente levou uma surra dos policiais. Sentado à beira-mar, Dois PMs em sua ronda vespertina perguntam:

- O que faz aí sentado, sozinho, garoto?

- Eeeeu! (gaguejando) Mar Ar Mo!

Apanhou tanto que precisou ser levado à UPA da cidade para curativos.

Aqui no litoral, [marasmo] quer dizer, na gíria popular; fumar maconha. Mas o pobre jovem era disfônico, lábio leporino, fala nasalada e mais “mo” e só queria dizer que estava curtindo o mar e o ar + “mo”.

Já na fase adulta arrumou uma colocação profissional num posto de gasolina. Era frentista. Mas, como tudo na sua vida acabava em surra, no trabalho não foi diferente.

Uma jovem freguesa rica que abastecia seu Land Rover Ranger somente naquele posto.

- Bom dia! Vou encher o tanque de diesel premium...!

- Oh, eim homoção hoje!

- Oba! De quê? Eu vou ganhar?

- Oh gás, mo! - Uase de ghaça!

- Me respeita, seu filho da puta!

Desce um rapaz fortão do carro da jovem furioso e desce a porrada no incompreendido frentista.

O casal foge com o carro em alta velocidade, enquanto o jovem frentista é hospitalizado.

Mais uma vez é agredido por ter sido mal interpretado na sua fala; quis dizer [Olha o Gás Natural + mo].

Certa vez, assistindo ao jogo de futebol nas arquibancadas da Arena Corinthians,  gritou bem alto e furioso:

- Espalma, frangueiro!

Perto dele havia “as menines”, torcedoras trans do Timão que não entenderam a frase nasalada do pobre torcedor e o agrediram com chutes e pontapés. Foi retirado pelo SAMU direto pra o UBS.

Na delegacia, “as torcedoras” disseram que entenderam como um grito homofóbico [Ex pau + mo, franguinha].

• Procura-se fonoaudiólogo para tratar da dicção desse pobre infeliz.