A Mulher Fantasma da Ilha Fit - Capítulo IX - Encontrei-a! E Agora, Como Fugir Dela?

Pela manhã juntei as minhas roupas e um pouquinho de energia que me restava e fui-me dali, com as pernas tremendo, mas feliz, eu achava. Não encontrei o menor sinal de minha fantasminha, o que me fez voltar a questionar se ela não era de fato um ser de outro mundo. Estava meio desconcertado com a falta de jeito da situação toda. De volta à tribo, havia poucos nativos presentes. Explicaram-me que estavam cuidando das tarefas básicas enquanto os outros procuravam a mulher fantasma. A quem perguntou, eu disse que fora tão longe na busca que resolvera dormir do outro lado da ilha. Ninguém desconfiou de minhas olheiras nem do tremor ou da palidez, e passei o resto do dia dormindo para recuperar as energias. Quando acordei era noite alta, o céu estava coalhado de estrelas. Continuei deitado, com as mãos cruzadas na nuca, e estava gostoso ficar assim sem pensar em nada. Foi um grande susto quando senti um cutucão em minha perna, e susto maior ainda quando a vi, e lá estava ela ao meu lado, como saída do nada, em plena aldeia. Ela fez sinal de silêncio, com aquele lindo indicador erguido, e levantando-se, fez-me sinal para acompanhá-la. Fui como um autômato. Caminhamos para fora da aldeia, entre os nativos exaustos e adormecidos, Só Juvenal tinha um sono inquieto, e falava: "Isso, assim, agora pegue esse pote de manteiga dinamarquesa, isso, traga a bezerrinha pra cá..."

Seguimos a trilha secreta na noite enluarada. Ela indo à frente, apenas olhando de vez em quando por cima do ombro. Segura e confiante de que eu ia após o seu corpo de sereia. Eu andando como se estivesse hipnotizado. Fomos horas assim, até chegar à caverna. Dessa vez havia uma claridade que enchia tudo, permitindo enxergar com nitidez. Ela havia preparado um lençol no chão, à guisa de cama, e sem qualquer preâmbulo nem uma única palavra mandou-me deitar lá. Só então tentei alguma reação:

- Olha, precisamos conversar, quero saber quem é você, o que faz aqui...

- E eu quero que você fique peladinho, querido. Vamos, tire a roupa! - ordenou, mas sua voz era tranqüila e ela sorria de um modo que me irritou.

- Espera aí, não é que eu não queira, pelo contrário, você é linda, é uma maravilha, mas...

- Mas o que, meu coraçãozinho dos outros?...

E me empurrou. Caí de costas sobre o fino colchão, e ela me despiu da cintura pra baixo. Eu estava excitado e contrariado. Depois ela começou a se despir também, o que me deixou contrariado e excitado. Mas algo em mim se rebelou. Eu era o macho ali, e aquela situação estava decididamente fora do meu controle!

- Olha, não é assim, primeiro vamos...

- Tenha uma ereção. - o tom foi até casual, displicente e seco. Mas bastante imperativo.

- O quê?

- Tenha uma ereção, você é surdo?

- Peraí! E se eu estiver com dor de cabeça? Você acha que eu tenho algum botão que você aperta e...

- Num entendeu ainda não? Tenha uma ereção! Agora!!!! - E ela pela primeira vez se exaltou. Foi então que me transtornei de vez, porque senti um puta medo! Na escuridão pareceu que os olhos dela se acenderam e seu cabelo se eriçou! Mas meu orgulho estava encolhido junto com meu pênis, e vi que precisava me impor:

- Pois num é assim não, rapaz! Sem um papo, sem uma preparação...

- Como é? - E ela deu uma risada que ressoou pela caverna. – Preparação? Meu filho, isto é uma transa, não é vestibular não. Que porra de conversa mole é essa de preparação? Aliás, falando em "mole"... - e desatou a rir. Fiquei vexado como uma adolescente de treze anos. Ou pior ainda, UM adolescente. Ela andou até um canto da caverna e voltou com um porrete que eu já conhecia, bem firme numa mão, e um pote de margarina na outra.

- Meu amor, você não entendeu. Eu te trouxe aqui pra gente transar, isto não é casamento não. E eu te digo com toda certeza: Um de nós dois vai sair comido daqui hoje, eu garanto! - E o tom dela, meus amigos, não admitia dúvidas. Não posso continuar, porque fiz um juramento eterno: Além de meu psicólogo, ninguém jamais saberá o que aconteceu naquela noite.