O primeiro Viagra a gente nunca esquece.
Numa sexta-feira estava com dois amigos tomando uns chopes numa mesa na calçada do Restaurante Mosca Frita, 
na praia da Macumbinha no Recreio dos Bandeirantes.
Esse apelido fomos nós, os clientes, que colocamos, porque um outro amigo nosso encontrou realmente uma, numa porção de batatas fritas.
Depois de uns 4 cristais cada um, a conversa já rolava solta sobre as vantagens com mulheres. 
Eu peguei aquela, eu peguei essa... cada um aumentando a sua sardinha e puxando para o seu prato, como diz o ditado.
Gargalhadas e conselhos eram o tema principal.
Acho que por influência do álcool, ou do temporal que ameaçava nossa reunião, resolvi desabafar com os amigos.
Estou com problemas com minha espingarda, falei meio disfarçado.
Vezes ela dispara antes, outras vezes não dispara e
quase sempre nem vem armando mais.
Imediato silêncio. Ninguém mexeu a mão com ou sem copo. Olhares se cruzaram e, de repente, gargalhadas e batidas de pé no chão, culminando em risos gerais.
Um amigo,mais hilário, já foi logo recomendando:
- Ovo de codorna, amendoim com casca, sopa de barbatana de tubarão...
O outro parceiro de mesa, mais comedido, já tirou do bolso um Viagra e ordenou:
- Toma agora, daqui a 2 horas você irá matar elefante com sua espingarda.
Aquela mistura de remédio com cerveja,
mais medo de falhar de novo, mais, mais, mais...
fizeram-me sentir um garanhão xucro e selvagem.
Dito e acontecido: Duas horas depois, eu já subia a escada do meu prédio arfando como cavalo de corrida. 
A visão estava turva, já não via quase nada, e ainda acabou a luz.
Continuei. Cheguei no apartamento já fui entrando, tirando a camisa, a calça, de arma em punho ataquei.
Arranquei-a da cadeira tomando-a nos braços e nos jogamos no carpete.
Ali mesmo, sem cerimônia, sem respeito, um verdadeiro massacre sexual.
Eu só ouvia ela suspirando forte. 
Vez ou outra dizia ai ai ai, assim dói as juntas.
Acho que já fazia bem uns 8 meses que não aproveitava tanto uma relação.
Confesso que senti numa ou noutra posição umas pelancas diferentes.
 Mas, pensei: - “deve ser efeito desses regimes pra emagrecer”.
Acho que ficamos umas 5 horas nesse doce deleite da vida. 
A tempestade veio forte.
Uma escuridão total, também pra quê a gente precisa de luz pra amar, não é?
Já exausto, confesso, grato pela sugestão do amigo, eu estava um homem feliz e satisfeito.
Um lampejar de raio mais próximo, me deixou ver uma cadeira de rodas, ali,vazia.
Um frio me correu pela espinha.
Botei a calça, camisa debaixo do braço, sem meia, sem sapato, vazei do apto.
Olhei melhor o número na porta, era um andar abaixo do meu e eu tinha transado com a avó da síndica.
Nunca mais tomei chope...

Doe amor, doe orgãos.
Augusto Servano Rodrigues
Enviado por Augusto Servano Rodrigues em 11/02/2008
Reeditado em 18/02/2008
Código do texto: T854950
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.