Joãozinho na escola( cont. de Mãe que pega no pé).

Minha mãe diz que sou um pouco tímido, mas que também sei aprontar como ninguém. Ela tem toda razão. Na escola sou um aluno que presto bastante atenção, mas gosto de ficar cantando baixinho; meus colegas detestam. Dizem que eu atrapalho.

No meu primeiro ano de escola chorei durante três meses; todos os dias. Não queria ficar longe da minha mãe. Um dia meu pai, me pegou nos braços, e disse:

_Hoje, quem vai levar o João sou eu.

Chegou lá, me jogou nos braços da professora, e pronto. Nunca mais abri o berreiro pra nada. Naquele dia cresci mais um pouquinho. Percebi que nem todo tempo poderia fazer manha pra manter minha mãe ao meu lado. Bem que eu percebia que minha mãe tinha o coração mais mole do que meu pai, ai eu olhava nos olhos dela e via que estavam cheios de lágrimas; é que ela tinha pena de me deixar naquele lugar cheio de gente estranha. Eu aproveitava, e abria o chuveiro, ela sentia pena, me colocava nos braços e ficava comigo por muito mais tempo.

Um dia, pedi bem baixinho para ir ao banheiro. A professora disse que não. Eu agüentei como pude. Aí a vontade voltou, e eu fiz ali na cadeira mesmo. Mas não foi xixi não, foi algo pior. Daqueles bem fedidos.

Ajeitei-me como pude, e disfarcei. A catinga foi subindo, subindo.

A professora perguntou se alguém tinha soltado um pum na classe. Perguntou a cada aluno. Quando chegou a minha vez, disse que não. Ninguém conseguia estudar. É porque não foi pum, foi algo muito, muito pior. Eu fiz cocô.

Os coleguinhas ficavam dizendo que foi fulano, outra vez diziam que havia sido o outro, e por aí foi. Quando disseram que fui eu, fiquei bravo. Fiz cara de mal, e eles pararam.

Quando terminou a aula sai de fininho, e quando cheguei em casa, minha mãe que tem nariz que sente de longe as coisas,foi logo sentindo o mal cheiro.E disse:

_Que foi isso João, que mau cheiro é esse?

Fiz sinal pra ela falar baixinho, e fui entrando de mansinho pro meu quarto. Por onde passava o mau cheiro ficava. Fazer o que, né? Não tive culpa. A culpada de tudo foi a professora.

_Mamãe, fiz cocô na roupa.

_Tá tudo bem filho. Vamos limpar essa sujeira e depois você me conta.

Contei-lhe tudo. Ela compreendeu e me deu um abraço, mesmo quando ainda estava fedendo. Mãe é assim mesmo. É por isso que amo a minha mãe.

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 17/03/2009
Reeditado em 18/03/2009
Código do texto: T1491798
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