VIDA DE CACHORRO

Maria Aparecida Dias Bertolini

Meu nome é Bella.
Sou uma cachorrinha de pelos branquinhos e encaracolados.
Já ouvi humanos dizerem, com ar de aprovação, que pareço um pedacinho de coco.
Não conheço coco, mas deve ser bonito e gostoso.

Moro em uma casa grande e bonita, com minha dona, seu marido e sua filha. Tem outra filha que sempre vem com o marido.

Ela está diferente, mais redondinha, e todos falam em um bebê que vai chegar, até dão presentes. Minha dona está feliz, chama o bebê de “ netinha “. Eu também estou feliz. Os bebês humanos são bonitos.

Às vezes, vejo humanos passeando na calçada com bebês no carrinho, mas não posso sair para brincar com eles porque eu não saio sozinha.

Minha dona diz que é perigoso, que posso ser levada por gente malvada, ser raptada. Que coisa feia ! Nunca ninguém viu cachorrinho raptando humanos.

Fui adotada quando era muito pequenina. Minha dona diz que eu era fofinha. Isso deve ser elogio também.

Na minha casa tem mais dois cachorros e um gato. Os cães ficam no quintal. O gato passa o dia na rua, vem só para comer e dormir.

Todos nós temos vasilhas de ração e água. Ninguém mexe na dos outros. Isso é outra coisa que não entendo nos humanos. Parece que muitos pegam coisas que não são suas. Às vezes, vão até presos por isso.

Quando querem dizer que dois humanos não se dão bem, falam que brigam como cão e gato. Eu não brigo com o gato da minha casa.

Dizem que sou mimada. Na verdade, sou tratada com carinho. Não sei se isso é mimo, mas fico muito triste quando ouço falar que alguns donos abandonam seus animais.

Acho que nunca soube que nós, cãezinhos, abandonemos nossos donos. NUNCA !

Gosto quando minha dona recebe visitas. Ah! Esqueci de dizer que ela é escritora. Fica a tarde toda no computador, escrevendo. Já escreveu um livro sobre sua cachorrinha Suzi, que morreu antes de eu vir morar aqui.

Outro dia, veio uma amiga visitá-la. Pulei, pulei, para chamar a atenção, ela
brincou comigo, disse que eu era lindinha, mas não me carregou.

Desisti, me esparramei no chão da cozinha e dormi.

Quando acordei, elas já estavam na sala, tomando café. Eu não tomo café, acho que não faz bem para cachorrinhos, mas o cheiro é muito bom.

Deitei encostada no pé da amiga de minha dona e dormi novamente.

Quando acordei elas ainda estavam conversando. Nunca vi tanto assunto.
Parece que elas trabalharam juntas durante muitos anos, ensinando crianças e adolescentes, por isso têm muitas lembranças.

Aí, resolvi ... Já que ela não me carrega, vou subir no seu colo...  Deu certo !!! Aproveitei e lambi muito o rosto dela.

Ela gostou, riu, e eu lambi de novo, brincamos bastante e ela alisou minha cabeça. Fiquei quietinha.

Quando ela saiu para ir embora, ficou na calçada conversando mais um pouco com minha dona. Eu fiquei atrás do vidro da porta e ela fez chauzinho e me jogou beijos.

Tomara que venham mais visitas, é legal!

Falam que vida de cachorro é ruim, mas a minha é muito boa. Que bom se todos os cachorrinhos fossem amados como eu sou !


* Texto da minha Irmã-Amiga Querida
Maria Aparecida Dias Bertolini

 Amiga querida, muito obrigada por voce enfeitar os meus dias com as perfumadas flores da AMIZADE que nos Alegra a Vida!!! Deus a Abençoe! Abraço, com carinho, Maria Emília
Mel Redi
Enviado por Mel Redi em 22/05/2009
Reeditado em 22/05/2009
Código do texto: T1609114