O Caranguejo

Numa linda manhã de outono,

Uma criança, feliz brinca sobre a areia da praia...

Se encanta com a beleza das conchas, o cantarolar dos ventos,

O rolar das ondas...

E em meio a essa bucólica paisagem, começa a pensar no homem,

O porquê do sofrimento, o porquê da maldade, o porquê das guerras...

E ao longe percebe a presença de um pequeno caranguejo, que silencioso passeia sobre a paisagem. Dele se aproximando, a criança começa a observá-lo curiosa...

Nota que seus olhos antenados, mantén-se sempre firmes e atentos, que seu movimento é delicado, e o mais interessante, que seu deslocamento é sempre para os lados e para trás...

Sentindo que a sua presença não assustava o crustáceo, a criança resolve pegá-lo em suas mãos. E olhando-o de perto diz:

- Já venho te observando a algum tempo, sabia? A poucos instantes estava pensando no homem, e justamente, me aparece um caranguejo...Daí, me veio uma ligeira comparação entre esses dois seres...Percebi apenas uma pequena diferença, que os caranguejos não andam para a frente não é?

E sabiamente o caranguejo responde para o pequenino:

- O caminho da vida é extenso para uns e curto para outros. Para se caminhar com segurança, é preciso que antes se conheça verdadeiramente o caminho...Quando o homem, repleto de inquietações, inseguranças e traumas, opta por uma jornada, caminha à frente, tropeça e logo cai; Quando o mesmo é ainda, prisioneiro das paixões ilusórias, dos apegos, e dos sentimentos impuros, escolhe um objeto para seus desejos, caminha nessa direção, e encontra o sofrimento; Quando arraigado ao mal, transfere o mesmo de si para o mundo exterior, excitando às armas, os conflitos e consequentemente, às guerras à sua frente...

Nós caranguejos somos diferentes por natureza...

Nos movemos para os lados, explorando e descobrindo novos atalhos para o avanço,

Nos movemos para trás, recuando e nos defendendo de possíveis ameaças do caminho,

E não nos movemos para à frente, pelo simples motivo de que lá está o homem ainda despreparado, destruindo tudo aquilo que encontra em seu caminho...

Se nos movêssemos como os homens, certamente já estaríamos extintos...