Os pára quedas da vovó

Os Pára-quedas da vovò

Marlene B. Cerviglieri

Brincar na chuva era um dos meus divertimentos prediletos.

Apesar de ter as recompensas depois! Tosse e muitas vezes castigo também.

A vida era bem livre naquele tempo, podia-se brincar na rua.

Os perigos não eram tantos como nos dias de hoje.

Onde eu morava até bonde passava fazendo um barulho danado.

Naquele dia de verão mais uma chuva pesada começava a cair.

Claro que logo fui lá para fora apesar de saber os perigos dos raios e mesmo dos escorregões no barro.

Fizemos a festa eu mais meus amigos. Enfim estávamos sendo desobedientes.

Conclusão fiquei com uma gripe muito forte e nem sair da cama podia.

Tinha febre e muito frio.

Quem cuidava de mim era minha vovó, pois minha mãe era professora e tinha que ir ao colégio o dia inteiro.

Eu adorava ser tratado por ela que me mimava o tempo todo.

Seus bolinhos e doces eram a minha alegria.

Mas minha gripe foi piorando e a febre derrubou-me muito.

Graças aos cuidados de nosso querido doutor Joel consegui passar sem uma pneumonia.

Eu naquela época nem sabia o que era isso, nome complicado!

Uma tarde em que comecei a melhorar minha avó veio e sentou-se em minha cama tentando ver se eu ainda tinha febre.

-Que bom querido você já esta fresquinho sua febre passou!

-Sente que colocarei os travesseiros para você se sentir melhor.

Assim o fiz e pedi para que abrisse a janela queria ver lá fora.

Minha vista se chocou com a claridade, e vovó abriu só um pedacinho da cortina.

Não me sentia bem ainda então vovó resolveu contar-me uma historinha.

-Você já viu os pára-quedas que entram em seu quarto? Disse vovó.

Claro que não respondi, aonde?

-Pois preste atenção na pequena claridade que entra pela janela.

Fixei meu olhar e então comecei a ver os pequenos pára-quedas que caiam como flocos em minha cama.

Fiquei encantado olhando aqueles pára-quedas tão pequeninos!

Foi então que ela começou a me contar a historia deles.

-Havia um reino no meio de duas montanhas enormes onde o rei era muito malvado. Todos tinham que trabalhar o dia inteiro só em troca de um prato de comida.

Suas maldades eram tantas que todos estavam descontentes, mas não podiam ir embora, pois as montanhas eram muito altas.

Suas casas estavam bem no sopé delas.

Sopé vovó?

-Sim meu filho, sopé é a parte baixa da montanha, onde ela começa.

-Precisariam voar para alcançar o cume, que é o topo da montanha.

-Sempre se reuniam para discutir um jeito de sair de lá.

-Até que um dia um garoto assim como você, viu na arvore que brincava umas folhas leves muito leves e imaginou voar nelas.

-Quando o grupo se reuniu colocou sua idéia, todos riram muito, pois como seria voar numa folha!

-Ele ficou muito triste e novamente em outra ocasião subiu na arvore e começou a falar baixinho:

-É eles tem razão precisaríamos ficar invisíveis para poder voar sem que os guardas nos vissem.

-Foi ai que apareceu a fada da floresta e disse:

-Pois eu posso ajudar vocês a serem invisíveis e a voar.

-Ele ficou muito feliz e pediu a ela para ir à noite à reunião e explicar para todos como fazer.

-Assim foi feito e eles conseguiram ficar bem pequeninos e voar para o cume da montanha em folhinhas bem pequeninas.

Trabalho este da fada que assistia as maldades do rei também.

-Estes pára-quedas que você esta vendo foram usados por eles para fugir da montanha.

-Veja como são pequenos e vão desaparecendo.

Neste momento eu já havia adormecido ouvindo as ultimas palavras da vovó.

Dormi profundamente e sonhei com o lugar e as montanhas.

Foi um sono revigorador, pois quando acordei estava bem melhor.

Serviu de lição eu ter adoecido porque nunca mais fui brincar embaixo de chuva. Sabia e muito bem dos perigos todos.

E os pára-quedas quando descanso ou mesmo quando há meia janela aberta os vejo lá todos devagar subindo e logo desaparecendo.

Experimente vê-los e vai ter uma boa experiência não tente pega-los, pois somem.

Brincar na chuva nunca mais.

Mbc.

Marlene Cerviglieri
Enviado por Marlene Cerviglieri em 27/05/2010
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