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ARCANJOS EM DIA DE LAZER

 

Gabriel, Micael e Rafael, distraem-se no céu. Cortam e recortam coloridas figuras de papel. Espalham todas pelo imenso chão azul.

Entusiasmadas com suas novas formas e cores, as figurinhas decidem brincar de esconde-esconde. Arteiras, correm, correm... e correm pelo céu. Algumas se perdem nas fofas dobras das nuvens. Quase ficam sem fôlego; outras escorregam e caem sobre minúsculos arbustos das paisagens. Arranham seus corpos. As pequeninas, espertamente protegem-se sob as asas dos anjos que voam por ali.

Os três arcanjos gargalham, divertem-se com o jogo das figurinhas.

No entanto, magricelas e leves, algumas bem arranhadinhas, outras, bem amassadinhas, exauridas pelo corre-corre deitam-se sobre a relva. Não percebem que está orvalhada. Que desventura! As cores começam a escorrer através de seus pequeninos corpos e entranham-se pelos tufos da grama. Por sua vez, o papel vai se enrugando e se desmanchando em meio a sobra desbotada.

Gabriel, Micael e Rafael ficam aflitos, tentam avisá-las, em vão. Já era muito tarde! O estrago estava feito. Ficam muito desapontados.

- A culpa é toda nossa, diziam. Afinal não estamos habituados com as brincadeiras das crianças da Terra. É certo que espiamos vez ou outra, essas pequenas criaturas. Achamos divertidas, suas brincadeiras. E nosso erro foi aproveitar este dia de folga no céu para brincarmos de um modo semelhante ao das crianças. Mas sequer pensamos que poderia dar errado. Imaginamos um dia especial para construirmos um painel com figurinhas de papel, que coladas uma a uma pudesse transparecer crianças de todas as raças abraçando Papai Noel.

Os três emudeceram, pois sabiam que só iriam ter novo dia de descanso quando acabasse a violência no mundo dos homens. E como viam lá de cima que as coisas não andavam muito tranquilas lá embaixo, quiseram aproveitar esse precioso dia.

Percebendo a tristeza, o desapontamento dos arcanjos, as ‘semi desfalecidas’ figurinhas de papel num esforço ‘sobre papel’ e não ‘sobre humano’, até porque não eram humanas, conseguem recuperar o que restou de melhor de cada uma.

Reúnem-se e misturam-se aleatoriamente. Observam que unidas, conseguem retomar um pouco das cores e que mesmo manchadas, não tinham perdido a beleza e alegria.

As formas estão sim, um tanto quanto desfiguradas, coitadas, mas permanecem ali, firmes, com a dignidade da intenção.

Ora, com esse conjunto harmonioso, as figurinhas ousam arriscar e tomam os arcanjos pelas asas para que dessem início à colagem e montagem do painel.

Foi exatamente desta maneira, que as imagens começaram a tomar corpo, conforme o desejo dos três.

Papai Noel adorou a surpresa e eu pude contar essa história, porque o arcanjo Gabriel a soprou em meus ouvidos e quem acreditar vai se transformar na mais bela figurinha de papel  a morar no céu.




heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 15/03/2011
Reeditado em 15/03/2011
Código do texto: T2849529
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