Porco amigo

Era uma vez um fazendeiro, seu Lino , da fazenda Livramento, no caminho pra Liberdade que colecionava cavalos de raça. Um dia ele descobriu que seu vizinho, seu Campos, tinha um cavalo andaluz (dessa raça de cavalos que usa como um coque no rabo tipo um guerreiro samurai). Assim, ele atazanou seu vizinho até conseguir comprar o cavalo andaluz de nome Gusmão.

Um mês depois Gusmão adoeceu, e ele chamou o veterinário Aparecido:

- Bem, seu cavalo está com uma virose, é preciso tomar este medicamento (na farmácia do Zé Oliveira tem) durante três dias, no terceiro dia eu retornarei e caso ele não esteja melhor, vamos ter que chamar o Divino (do açougue) para sacrificá-lo. Neste momento o porco escutava toda a conversa. Era um porco, porcão, grandalhão, comilão, resmungão tipo alemão quando fica empanturrado de comida. No dia seguinte deram no Gusmão a injeção e foram trabalhar nos campos do seu Lino (um campo lindo). O porco se aproximou do cavalo e disse grunhindo:

- Força, Gusmão! Levanta daí, senão você vai ser sacrificado! O porco tinha horror ao Divino (do açougue). O segundo dia deram outra vez a injeção e voltaram para o campo lindo do seu Lino. Lá veio de novo o porco dizendo:

- Vamos lá, Gusmão amigão, levante-se senão o Divino te pega e você morre! Vamos lá, eu te ajudo a levantar (e fuçava as ancas do cavalo deitado)... Upa! Upa! Grunf! Grunf! No terceiro dia o Aparecido apareceu após a injeção e disse:

- Infelizmente seu Lino, vamos ter de sacrificar o cavalo, pois a virose pode contaminar os outros cavalos. Quando saíram , arrastando as esporas de tristeza, o porco correu (rebolando do jeito que os porcos correm) e disse para o cavalo:

-Cara, é agora ou nunca, levanta logo! Coragem! Upa! Upa! Upa” Isso, devagar! Beleza, vamos, um... dois... três, legal, muito bom, legal, agora mais depressa, vai, vai! Maravilha!!!Corre, isso corre mais! Olé, olê, olá!!! Ulalá! E Gusmão estava galopando e o porco aplaudindo e grunhindo: Campeão! Campeão! Então seu Lino que tava chegando com o Divino, viu o cavalo correndo no campo lindo e gritou:

-Milagre! Milagre! O cavalo sarou. Divino, isso merece uma festa... “mata o porco!” Estou indo chamar o Pedro sanfoneiro.

Eita! Não chore menina! É assim muitas vezes na vida. Quantas vezes fazemos o papel do porco amigo ou quantos já nos levantaram e nem de um sinal de gratidão puderam dispor???

Chora não! Tonta!!!