Conversa animada... só se for pra fazer salada!

Havia num lugar bem escondido lá pras bandas do meu sertão

Uma terra que era considerada uma das mais belas e férteis de toda região!

Contam que era banhada por um pequeno riacho, que entre vales corria.

E era lá onde todo tipo planta, que alguém imaginasse, nascia e crescia.

Lá nesse lugar onde as estrelas costumam brilhar até mesmo durante o dia,

Numa hora determinada, no meio da madrugada, acontecia uma estranha magia!

Pouca gente tinha ouvido falar, mas na calada da noite quando a brisa começava a soprar,

A terra tremia e por alguns instantes que nenhum relógio podia contar,

As plantas daquele lugar se reuniam e passavam luas e luas a conversar.

Elas tinham o hábito de falar do passado e de histórias contar.

Eram histórias curiosas, fantásticas, bem difíceis de acreditar!

Normalmente, falavam do que se lembravam, quando elas ainda eram semente.

De como foram jogadas na terra, adubadas e regadas pelas enchentes.

O pé de maracujá já não sabia mais em quem acreditar,

Porque o pé de uva dizia que no sertão também tinha vinha

E que o vinho vinha da uva e a uva vinha da vinha

E que toda uva que vinha dessa vinha era bem docinha!

O cajueiro, para alguns, parecia uma planta um tanto estranha.

Ele afirmava com todas as letras: - Meu fruto não é o caju, e sim a cas-ta-nha!

Mas, isso não importava tanto assim,

Já que do caju dava pra se fazer um belo doce

E da castanha... hummm... um apetitoso picolé ou um dindim!

O pé de graviola falava que já viu passar por lá muito tocador de viola.

Tinha um, até, que cantarolava algo assim...

- Bola, bola, bola, estou num pé de graviola.

- Bela, bela, bela, vou pro pé de siriguela.

- Canja, canja, canja, antes vou chupar laranja!

O coqueiro amava exibir suas qualidades

E contava que muita gente gostava de trepar no pé de côco

Pra poder tirar um côco, pra fazer tapioca e

Pra saber se o côco era mesmo ôco.

Muitas outras plantas frutíferas apareciam por lá.

Do pé de jaca ao pé de cajá.

Do pé de manga ao pé de pitomba e de pitanga.

Do pé de limão ao pé de melão e de mamão.

Cada qual contava uma história que alimentava e refrescava.

A conversa era quase sempre muito animada

Até que num belo dia a bananeira disse:

- Que tal juntarmos nossos frutos e fazermos uma gostosa salada?!

A ideia foi bastante aplaudida e, também, muito comemorada!

Daquele dia em diante, dizem que quando as plantas se reúnem,

Não se fala em outra coisa...

Afinal de contas, conversa animada... só se for pra fazer salada!

Mano Kleber
Enviado por Mano Kleber em 15/12/2011
Reeditado em 25/10/2012
Código do texto: T3390619
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.