O CIRCO DE ZAZÁ

Era uma vez um Reino Animado onde somente havia fantasias e encantos. Todo mundo que morava lá vivia fazendo mágicas e brincando de faz-de-conta, sem nem ver o tempo passar.

A vida nesse reino era maravilhosa, ninguém sentia necessidade de nada. Todos viviam perfeitamente bem, carregando as suas varinhas de condão e transformando tudo o que sonhava em coisas maravilhosas. A cada ideia nova, um projeto e para cada projeto um passe de mágica, para realizá-lo.

Neste reino não havia tristeza, fome, dor ou miséria. Todos se preocupavam pelo bem estar de todos, ocupando sempre em inventar fórmulas mágicas para que o reino ficasse cada vez melhor, diferente, interessante e fácil de viver de forma solidária.

Neste reino moravam-se as fadas e os duendes, quais viviam em casas redondas, quadradas e retangulares; jardins floridos com árvores pequenas e grandes; rios e cascatas com águas límpidas e cristalinas e animais dóceis e mansos. Lá, ouviam-se músicas alegres; brincavam-se de brincadeiras animadas e estudavam lições visando estimular a inteligência, e tornando-se tudo cada vez mais fantástico e perfeito. Todos trabalhavam para todos e ninguém se preocupava em ser melhor do que o outro.

Certo dia, uma linda fadinha chamada Ana Elisa, acordou de um sonho estranho. No sonho ela viu um circo, qual existia apenas no mundo dos homens...

Ana Elisa contou o sonho para as suas duas irmãzinhas, Maria Luísa e Isabella. As duas irmãzinhas dela ficaram curiosas querendo conhecer como era um circo.

Ana Elisa não sabia explicar o que era um circo, mas no Reino Animado havia uma biblioteca, ela, juntamente com as suas duas irmãs, foi consultar nos livros o assunto:

“Um circo é comumente uma companhia itinerante que reúne artistas de diferentes especialidades, como malabarismo, palhaço, acrobacia, monociclo, contorcionismo, equilibrismo, ilusionismo, entre outros.”

E ao saber o que era um circo, mas sem conhecer o que faz cada artista que se diz existir nele, Ana Elisa pegou a sua varinha mágica e fez aparecer um no Reino Animado.

No Reino Animado, agora, havia um circo de cavalinhos vindo do mundo dos homens.

As fadas e os duendes do Reino Animado não conseguiram entender como aquela fadinha havia sonhado com um circo, tornando-se, também, capaz de trazê-lo do mundo dos homens para aquele reino.

O circo era tão grande, tão complexo, com palhaços, bailarinas, trapezistas, mulher barbada, amestradores de animais e tudo...

A mágica de Ana Elisa tornou o reino alvoroçado de curiosidade. Todos os moradores de lá queriam aproximar-se do circo, qual tornara a coisa mais linda e mais curiosa entre todas as mágicas realizadas ali, nos últimos tempos.

O Circo de Cavalinhos pertencia a um homem muito bom e espirituoso, que se chamava Zazá.

Há muitos anos, Zazá sonhava em está com o circo dele em um lugar mágico, maravilhoso, onde não houvesse guerras, fomes, discriminações raciais e misérias.

Lá estava ele, num reino perfeito e pronto para fazer acontecer lindos espetáculos. As fadas e os duendes do Reino Animado batiam palmas e se enchiam de entusiasmos ao assistirem aos espetáculos. Zazá, além de ser o dono do circo, era também um excelente palhaço ao lado do seu amigo Janjão. Eles contavam anedotas, enrolavam no chão com os macacos, estouravam balões com a barriga, dançavam de modos engraçados e anunciavam ao público todas as apresentações. O público se divertia gritando, batendo palmas, rindo e assobiando.

Dias e dias passaram-se, duendes e fadas iam e vinham do circo, admirados com os artistas circenses. Suas admirações centravam-se na questão dos artistas não usarem varinhas de condão.

- Como os artistas daquele circo faziam tantas coisas usando apenas o corpo e a mente?

Todos queriam saber sobre a vida dos homens e como eles aprendiam tudo àquilo que faziam no picadeiro do circo.

Era sabido que, todos do Reino Animado, eram mágicos e viviam estudando fórmulas para fazer mudar e acontecer coisas, mas os homens do circo nada faziam com passes de mágicas.

Mas afinal se não havia passes de mágicas, o que os artistas daquele circo faziam para o povo daquele reino se divertir tanto?

Ora, os moradores daquele reino não sabiam que Zazá e os seus artistas esforçavam-se o máximo para agradar o público. O circo, porém, tinha as suas próprias técnicas ao lidar com a linguagem, a dança, a música, o teatro e as apresentações dos ilusionistas, dos acrobatas, dos malabaristas, dos palhaços, dos contorcionistas, dos equilibristas, dos atiradores de facas, entre outros.

O circo de Zazá ficou um longo tempo no Reino Animado e, como ele era itinerante, ele teria de voltar novamente para o mundo dos homens.

E sendo assim, todo mundo do reino compareceu no circo para assistir ao último espetáculo preparado por Zazá e seus artistas circenses.

O espetáculo mal começou e todos davam boas risadas. Palhaços, trapezistas, comedores de fogo, equilibristas, mulher barbada, domadores, bailarinas, ilusionistas e uma série de outras apresentações começavam a acontecer.

Palmas, vivas, risadas, admirações, sustos, tudo vinha da plateia, até que se findou o espetáculo.

Zazá havia avisado para Ana Elisa que aquele seria o último espetáculo no Reino Animado. Ele também sabia que o que era bom não duraria para sempre. Ele, embora vivesse no mundo da fantasia circense, estava sempre consciente de que o seu mundo real era o mundo dos homens. Zazá, antes de se despedir da platéia ficou pensando: o circo do mundo dos homens foi feito para se divertir, mas o mundo do circo dos homens, infelizmente, foi feito para sofrer e chorar. Nele, quem vive, tem que estar preparado para a guerra, para a fome e para a miséria. Não haverá jamais ilusionistas, nem mágicas capazes de tornar perfeito o mundo em que nós vivemos. Se aqui todo passe de mágica é para se viver melhor, sem tédio, lá, no meu mundo, mágicas são feitas para aumentar a ganância, a violência, a pobreza, a miséria e o tédio.

No fim do espetáculo, quando o público de pé batia palmas e acenava as mãos despedindo-se do circo, Zazá e os artistas circenses os cumprimentaram, se abraçaram e, como num sonho, desapareceram-se num facho de luz intenso...

O circo de Zazá, portanto, voltava ao seu lugar de origem no mundo dos homens.

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