VIDA DE CÃO

Num cantinho da praça

Sob a luz fria do luar,

fica o cão sozinho

Sempre no mesmo lugar.

Não tem dono nem carinho,

Paradeiro também não tem,

Só sei que se encolhe mansinho

Na esperança de ter alguém.

Certo que não merecia

Viver assim jogado,

No sereno adormecia

Sempre com ar de coitado.

Vagando sujo e bastante magro

Sozinho e abandonado

o pobre cão,

Vivendo maltratado

Acompanhando a solidão

Qualquer olhar lhe parecia um agrado.

Com o ar entristecido

Viu chegar o temporal

Uma ventania que surgia

Nunca vi coisa igual!

Era como se o mundo

Fosse de vez se acabar

Escondeu-se sob a marquise

Numa porta do bar.

Mas vendo o cão em sofrimento

O dono abriu sem esperar

Que a chuva molhasse o cão,

Atitude de se admirar.

Sei que daquela noite sofrida

Nasceu uma forte amizade,

Pôs-se como cão de vigia

Naquele comércio da cidade.

Era fiel ao seu novo dono

Feliz e cheio de vivacidade

Hoje tem os olhos da alegria

E é chamado de Combate.

Há quem pense que gratidão

É só para quem faz parte,

Do mundo dos humanos

Por desconhecerem Combate.

Amizade não se conquista

se não houver de fato,

a caridade na vida

e um coração grato.

Sandra Sampaio
Enviado por Sandra Sampaio em 03/10/2012
Reeditado em 03/10/2012
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