VIDA DE CÃO
Num cantinho da praça
Sob a luz fria do luar,
fica o cão sozinho
Sempre no mesmo lugar.
Não tem dono nem carinho,
Paradeiro também não tem,
Só sei que se encolhe mansinho
Na esperança de ter alguém.
Certo que não merecia
Viver assim jogado,
No sereno adormecia
Sempre com ar de coitado.
Vagando sujo e bastante magro
Sozinho e abandonado
o pobre cão,
Vivendo maltratado
Acompanhando a solidão
Qualquer olhar lhe parecia um agrado.
Com o ar entristecido
Viu chegar o temporal
Uma ventania que surgia
Nunca vi coisa igual!
Era como se o mundo
Fosse de vez se acabar
Escondeu-se sob a marquise
Numa porta do bar.
Mas vendo o cão em sofrimento
O dono abriu sem esperar
Que a chuva molhasse o cão,
Atitude de se admirar.
Sei que daquela noite sofrida
Nasceu uma forte amizade,
Pôs-se como cão de vigia
Naquele comércio da cidade.
Era fiel ao seu novo dono
Feliz e cheio de vivacidade
Hoje tem os olhos da alegria
E é chamado de Combate.
Há quem pense que gratidão
É só para quem faz parte,
Do mundo dos humanos
Por desconhecerem Combate.
Amizade não se conquista
se não houver de fato,
a caridade na vida
e um coração grato.