A sementinha preguiçosa

Ela parecia uma semente comum como outra qualquer,

Dessas que deitam na terra, dormem, acordam e viram um pé.

Pé de mamão, pé de melão, pé de feijão, pé de limão...

Mas, era uma semente diferente, que vinha carregada pelo vento,

De quem era muito amiga e a levava pra todo canto.

O vento soprava, soprava e em nenhum lugar a sementinha parava.

Os dias se passaram e o vento continuou soprando.

Soprou um pouquinho aqui, outro pouquinho ali...

E mais um pouquinho acolá...

Assim, a sementinha ia levando.

De repente, ela acabou se cansando, adormeceu e nem percebeu.

A luz do dia se apagou, logo se fez noite e tudo escureceu.

O vento puxou sua coberta, um delicado lençol de grãos de areia.

Assim como uma lagarta que dorme, acorda e borboleteia,

A sementinha dormiu durante muitas estações.

Passaram-se outonos, primaveras, invernos e muitos verões.

Ela só queria saber de dormir e nem pensava em se levantar.

A terra onde ela estava era macia e, vez por outra, a chuva caia por lá.

Tudo parecia bom naquele lugar.

Até que um dia, uma sábia minhoca veio lhe visitar.

Foi quando ela lhe disse:

- Sementinha, o que você faz escondida aí na terra se há tanta coisa lá fora pra se olhar?

- A vida ao ar livre é muito mais bonita! Tenho certeza que você vai gostar!

Só que a sementinha não estava para muita prosa.

Era mesmo uma semente muito preguiçosa!

Deu as costas para a minhoca e voltou a cochilar.

Ela nem mesmo se lembrava dos dias em que vivia com o vento a passear!

Mas, a minhoca era insistente e sempre que por ali passava,

Um assunto arranjava para explicar as belezas daquele lugar.

- Ah! Se eu fosse você, sementinha, não ficava aí dormindo! Saia pra espiar!

De tanto que a minhoca insistiu na história,

Com essa ideia de ver o mundo lá fora,

Que um dia a sementinha sonhou.

Era estranho! Tudo era mesmo muito encantado

Do jeito como a minhoca havia lhe contado!

Os primeiros raios de sol lhe desejaram boas-vindas.

E, novamente, com o vento ela se encontrou.

No seu sonho, ela lentamente bocejava e se espreguiçava

E abrindo a terra, alguns ramos e folhas espalhava.

Sonhou que tinha virado um lindo pé de flor.

Mano Kleber
Enviado por Mano Kleber em 26/10/2012
Código do texto: T3953521
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