Pisca Pisca, O Vagalume

PISCA-PISCA, O VAGA-LUME

Pisca-Pisca era um vaga-lume luminoso e feliz que vivia na floresta.

Sua felicidade durou... Até que, um dia, Pisca-Pisca voou mais do que era acostumado e... Conheceu a cidade.

O pequeno vaga-lume ficou deslumbrado com as ruas, suas casas e seus prédios, com suas janelinhas iluminadas... Conheceu postes com suas luminárias a mercúrio, claras feito o dia!

Quando chegou à praça principal, ficou mais encantado ainda, ao se deparar com uma enorme árvore de natal, repleta de pequeninas luzes, multicoloridas, que faiscavam... Faiscavam...

O pequeno pirilampo entendeu que era dia de festa, pois, Sabe-tudo, o mestre dos vaga-lumes, contou-lhe que, nas cidades, as pessoas gostam de luzes e de muitas cores, principalmente quando estão felizes.

Ocorreu que, diante de tamanho brilho, o vaga-lume aprendiz, começou a ficar muito triste, de uma tristeza de fazer dó. Para ele, nem na mata escura, quando seus companheiros voavam em bandos, conseguiam obter tamanho efeito!

Enquanto ele se sentia cada vez mais insignificante, piscavam e faiscavam aquelas luzes diante de sua angústia.

Voando de volta, o vaga-lume-menino chegou com o cair da tarde, à mata.

No caminho, porém, encontrou o Sabe-Tudo, o mestre dos pirilampos, que logo o abordou:

- Por que está assim tão apagado, meu jovem amigo?

Pisca-Pisca, então, contou-lhe tudo o que viu e sentiu naquele lugar tão bonito!

Sabe-Tudo, com seu vasto conhecimento e sinceridade, olhou o pequeno nos olhos e falou:

- O que você viu é muito belo, mas em nada se compara ao que somos!

- Por quê?

- Somos seres vivos e luminosos, ao passo que aquelas são luzes artificiais, fabricadas, não são criaturas de Deus e nem se dão conta de seu papel nesta vida e não sabem por que estão ali plantadas. Nós, amigo, somos de outra casta!

- Casta, o que é isso, meu velho?

- Casta, estirpe, espécie, famíiiiiilia, entendeu?

- Ah, família, agora sim!

Realmente, entendera tudo, seus olhinhos começaram a brilhar como nunca e a cauda a cintilar com maior intensidade.

- Bom, continuou o mestre dos vaga-lumes, Deus, o Arquiteto do Mundo e de todos os seres viventes, nos fez luminosos, belos e com luz própria, como o sol, o astro-rei.

- Como o sol! Repetiu Pisca-Pisca, quase gritando.

- Como o sol – confirmou o amigo.

***

A noite desceu com seu negro manto, encobrindo a floresta.

Pisca-Pisca, o então mais luminoso dos pirilampos, alçou vôo e voou, voou até se tornar um pontinho minúsculo na escuridão.

FIM