A Menininha Colorida
Era uma vez uma menininha que ainda vivia guardadinha na barriga da Mamãe.
Ela adorava a noite...
E como ela sabia que era noite?
Ah! Essa história vou te contar timtim por timtim.
É que ao anoitecer a fogueira latejava com suas firmes labaredas vermelhas, laranjas e até azuis. A música contagiava e a dança era apaixonante. O ritmo pairava caloroso no ar mesmo em dias de muito frio.
E lá, bem guardadinha no seu cantinho, ela sentia toda essa energia e também conseguia enxergar a lua através dos elogios que escutava...E toda noite era assim...
E o dia do seu nascimento chegou.
A menininha descobriu que morava numa tenda bem colorida, com pessoas de sorriso dourado.
E mesmo tão “pitiquinha” já tinha bichinhos de estimação, eles cuidavam dela quando sua Mamãe ia costurar vestidos e saias longas, rodadas e estampadas...Enquanto seu Papai fazia negociações com tecido e com ouro.
Em pouco tempo, ela conheceu 3 lugares e de cada lugar guardou uma recordação valiosa:
*A intensa cor das flores de Holambra,
*O brilho extremo do sol Carioca e
*O longo luar do Sertão.
O seu primeiro passinho não podia ser diferente, veio acompanhado de uma mistura mágica de dança e ciranda.
“Os seus parabéns” eram embalados por violinos e pandeiros.
E todos os dias, bons ou ruins, a menininha olhava pro céu e gritava extasiada:
- Nais tuke Senhor,Nais tuke!
(- Obrigado Senhor,obrigado!)
Esse era um momento de agradecimento a Deus por ter nascido cigana, uma menininha colorida.
Simoneves 09-01-2014
Uma homenagem dupla:
Ao povo cigano, que infelizmente não é reconhecido como deveria ser, e ao início da história de amor dos meus pais.