Pipa Moleque

Na rua os cachorros ladram

E carros buzinam

Transeuntes passam

E homens meninos empinam

A pipa solta ao leu

Curtindo a linha no dente

Diluem o céu no papel

Sob um sol incandescente

Eles se tornam medonhos

Quebrando telhas de casas

Cultivando ledos sonhos

Felizes batendo asas

No corta e empina moleque

Moldando minhas lembranças

Baticum dum de alegres

Saúdo essas crianças

Respirar me faz feliz

Então abro a janela

Bom dia! O vizinho diz

Não vi, não sei, quem era?

Se me incomodam latidos

E buzinas me enlouquecem

Quase sempre aturdido

Meninos não me aborrecem

Meninos homens crianças

Nas pipas que eu não cortei

São transparentes lembranças

De coisas que já nem sei

Se são tiras do abstrato

Desantenadas suponho

Sem cara, cor e formato

E de quem me fiz estranho

Talvez culpa do papel

Que de fatos enrugou

Sem brilho, lançado ao léu

Quando do céu despencou

Não há mais linha no meu carretel

Não vejo mais minha pipa no céu

A lamina do tempo a cortou

Oh! A vida não aparou...Por que?

petronio paes frança
Enviado por petronio paes frança em 17/07/2014
Código do texto: T4885497
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