O Galo Vaidoso

Era um galo muito vaidoso,

Altivo e orgulhoso,

Da capoeira estava cansado,

Pois no meio de tanta galinha

Já nem vontade tinha

De andar emproado.

Certo dia resolveu,

Logo que amanheceu,

Ir à selva vizinha;

Mas sem avisar a galinha

Que era a chefe lá do bairro.

Quando à selva chegou

O galo aventureiro encontrou

O crocodilo Danilo

Que não comia erva nem milho

Mas que na selva se quedou.

- Que raio de bicho és tu?

És galo ou és peru?

O galo envergonhado

Seguiu o caminho calado

E uma serpente avistou.

- Eu sou Vicente, a serpente,

E, assim de repente,

Fiquei com vontade de comer

Uma ave assim gostosa;

Além de tenra e saborosa

É um gosto de se ver!

O galo, muito assustado,

Quis logo ver-se afastado

De tal bicho endiabrado.

Para acabar com a questão,

Lá veio o Leão Sebastião,

Com o seu porte robusto,

Vindo de trás do arbusto,

O galo avisou:

- Eu sou o rei da bicharada!

Nem te dês à maçada

De passear no meio do reino,

Pois é preciso muito treino!

Eis que aquele vozeirão

Da garganta do leão

O galo assustou.

E assim acordou.

Caindo do poleiro

Acordou o bairro inteiro.