TEMPO DE CRIANÇA

Parece algo tão distante daquele tempo em que a infância era o melhor tempo da criança. Lembro como se fosse hoje acordar na casa da avó era a aquela folia correr para o curral, tomar leite quente com açúcar, sorrir do bigode que fazia com a espuma.

O dia ficava pequeno para tantas aventuras, no jardim ao lado da casa grande brincávamos de esconde, esconde embaixo das roseiras que de tão altos os cachos invadiam o telhado despencando na sala deixando o ambiente perfumado.

Nos fundos daquela casa tão aconchegante tinha um cercado onde criava galinhas, perus, patos, e os lindos pavões que gritavam no alto do telhado. A gente adorava cada um pegar uma cestinha para recolher os ovos. E sempre aos domingos o almoço era caprichado, a galinha mais gorda era servida acompanhada com um pato assado para complementar. De sobremesa não poderia faltar o famoso doce de leite com requeijão quentinho fabricado ali mesmo naquela cozinha grande de fogão de lenha.

Que delicia era correr na chuva, pisar nas poças que se formavam no terreiro, brincar fazendo barquinhos e ver descendo na correnteza.

Saudade de subir em árvores, chupar umbu trado na hora, de poder brincar de pega, pega nas noites enluaradas.

Uma coisa continua viva, a criança que mora dentro de mim.

É... Acho que nunca deixei de ser criança...

Autora-Irá Rodrigues