Dona Esperança
Dona Esperança saiu cedo pra passear
Encontrou um belo gafanhoto a forrosear
Deu uma piscadinha pra ele, querendo prosear
Olharam um para o outro e começaram a dançar.
Dona Esperança estava nervosa e no pé dele pisou
O gafanhoto errou o passo e para ela olhou
Dona Esperança ficou tímida e imediatamente corou
Ele deu um sorriso e a dança recomeçou.
Zé do fole, com sua sanfona, fez a poeira levantar
Tocava forró e Baião, e eles não paravam de dançar
Dona Esperança e o gafanhoto formavam um belo par.
Dançaram agarradinhos até o outro dia raiar.
A festa estava boa e dali eles não arredavam o pé
Passaram a noite dançando, cantando igual saqué
Resolveram esperar o casamento da filha do bode Zé
O pé já tinha calo e exalava um forte fedor de chulé.
A noiva desistiu do casamento na hora de ir pro altar
Estava tudo arrumado e casório não podia faltar
O pai da noiva nervoso sem saber como explicar
Perguntou se ali havia noivos para se casar.
O gafanhoto olhou pra Dona Esperança com olhos de paixão
Ela retribuiu com olhar amoroso, aquecendo o coração
Mandaram chamar o vigário para fazer a celebração
Os dois disseram sim e selaram a união.
A notícia se espalhou dessa história de amor
Que a noite fria de São João se transformou em calor
Dona Esperança e o gafanhoto se casaram no salão
Entre uma dança e outra, surgiu uma grande paixão .