O Menino, o Balão e o Vento

Era um lindo domingo de sol. Na praça central da cidade, havia gente por todos os lados: umas tomando chimarrão, outras conversando, outras rindo, outras escutando música e outras simplesmente caminhando. E crianças, então... como tinha crianças. Na pracinha elas aguardavam com muita paciência a sua vez de andar nos brinquedos. Também tinha vendedores de refrigerante, cachorro quente, pipoca, churros, algodão-doce, balas, balões...

- Pai, pai, pai! Compra um balão? Eu quero um balão! - pedia um menino.

- Está bem! - disse o pai.

O menino escolheu o que, para ele, era o mais bonito de todos os balões que o vendedor tinha. Um grande balão azul. Ah, como o menino brincou com esse balão! O tempo todo os dois permaneceram como que de mãos dadas. Sem contar que conversaram muito. Quer dizer, o menino falava e o balão escutava.

Até que, cansado, o menino deitou no colo da mãe e adormeceu, ali mesmo, na praça.

A mão do menino já adormecido foi perdendo força, se abrindo, e, num pé de vento, o balão lhe escapou e foi subindo, subindo, sem que ninguém percebesse. - O balão subiu tanto, mas tanto, que lá do alto ele exclamou:

- Nossa! Olha só, menino! A Terra é azul igual a mim! E também tem a minha forma, a forma de um balão! - mas agora o menino dormia.

De repente, lá no alto, o balão ouviu um assobio que ficava cada vez mais forte. Juntamente com esse assobio, o balão era jogado de um lado para o outro.

- O que está acontecendo? - perguntou o balão. – Quem está assobiando e me empurrando pra lá e pra cá?

- Sou eu! - disse uma voz.

- Eu, quem? - perguntou o balão já sentindo algum medo.

- O vento!

- Pare de fazer isso! - disse o balão. - Eu estou com medo!

- Não precisa ter medo, balão, eu estou só brincando com você! - disse o vento.

- Como você sabe que eu sou um balão? Eu não consigo ver você!

- É claro, seu bobão! Vento ninguém vê, só sente! Eu também estava lá embaixo enquanto você brincava com o menino. Você não percebeu que eu estava brincando junto?

- Não! - disse o balão.

- Estava, sim. - Fui eu que trouxe você aqui pra cima!

- Você me trouxe aqui pra cima? Pra quê?

- Pra brincar! - disse o vento.

- Eu gosto de brincar! - disse o balão. - Mas, não dá pra gente brincar aqui em cima, eu tenho medo de altura e posso estourar.

- Vamos lá embaixo então. Eu quero te apresentar a uma amiga com quem eu estou sempre brincando.

E então, o vento levou o balão novamente até a praça, ainda lotada de pessoas. O balão nem lembrava do menino, de tão curioso que estava para conhecer a amiga do vento.

- Onde está ela? - Perguntou o balão.

- Acho que ela deve estar lá perto das flores! - disse o vento. - Vamos!

- Devagar, vento! Eu não estou acostumado! -reclamava o balão.

- Olha! Lá está ela! - disse o vento.

- Onde? - perguntou o balão. – Eu não estou vendo nada!

- Lá! Ela acabou de pousar naquela margarida. Venha comigo!

Sobre a margarida estava uma linda borboleta.

- Nossa! - exclamou o balão. – Como ela é bonita! O menino precisa conhecê-la. O que ela está fazendo?

- Polinizando! - disse o vento.

- Poli, o quê? - perguntou o balão, sem entender nada.

- Polinizando! É graças à polinização que esta praça está cheia de flores. - respondeu o vento.

Como num passe de mágica, o balão parou de escutar os sons da praça. Exceto um, o choro do menino.

- Buááá... Buááá…

- O menino! - disse o balão. - O menino está chorando! Vamos, vento. Rápido! Me leve até o menino, ele está chorando!

No caminho, o choro do menino se misturava aos outros sons da praça.

- Mais rápido vento! Mais rápido!

- Calma balão. Eu sou o vento, não um vendaval!

- Buááá... Buááá.... - chorava mais alto o menino. - Eu quero o meu balão!

Ainda longe, o balão escutou o pai do menino falar:

- Eu compro outro balão! Pare de chorar!

- Eu não quero outro balão! - disse o menino. - Eu quero o meu amigo!

Chegando perto, o balão foi se aproximando lentamente, por trás, e, docemente, beijou o rosto do menino.

- O meu balão! O meu balão! - gritava eufórico, o menino. E abraçou o balão como quem abraça alguém muito especial. Ali na praça, com os dois abraçados e chorando, o balão falou:

- Vem comigo, menino! Vamos ver as borboletas, as flores, a polinização. Vem comigo, menino, na carona do vento, ver a Terra azul, azul igual a mim! Você sabia, menino, que a Terra tem a forma de um balão?

Abraçado ao balão, sem ouvir nada, o menino chorava.

- Vem comigo, menino! Vem comigo! - dizia o balão.

ISBN 978-65-00-97038-8

Leonel dos Santos
Enviado por Leonel dos Santos em 07/05/2024
Código do texto: T8058312
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