MENINOS DA ROÇA

Cap. XVII


pareceu farejar alguma coisa e começou a rosnar. Imediatamente, o polonês ficou alerta. Num movimento rápido, tirou o rifle das costas e apontando-o em todas as direções, gritava ameaçador:

_ Andatevene, maledetti! State lontano da me! =(Vão embora! Malditos! Fiquem longe de mim!)

Em sua alucinação, o homem via alemães por toda parte. Ao ver aquela cena, Menina teve muito medo. Entretanto, devia manter a calma. Zico não podia perceber o seu medo. Olhando para o irmão, viu que ele estava a ponto de chorar. Sentindo que era observado, o garoto perguntou-lhe com voz trêmula:

_ O que ele tá dizendo? Pra quem ele tá apontando a espingarda? Eu quero ir pra casa, moço, vamos logo, anda...

O choro abafado do menino parece ter sido ouvido pelos cães, que, como loucos, puseram-se a latir. O polonês ficou mais alucinado e correu para dentro da casa. Lá de dentro, ele abriu meia janela e apontou o rifle em direção da mata. Disparou várias vezes.

Menina abraçou-se ao irmão e começou a chorar também. Os dois pareciam menores do que eram de tão encolhidos. Alguns minutos depois, reunindo toda coragem que lhe restara, Menina levantou a cabeça e viu que os cachorros não estavam mais na frente da casa. Isso lhe deu ânimo para fugir daquele lugar.

Os disparos haviam cessado. Era hora de voltar para o mandiocal. Cautelosa, falou com o irmão:

_ Zico! Vamos sair meio agachados. É pra o polonês não ver a gente. Segura com força a minha mão, vamos correr.

A decisão da irmã parece ter dado forças ao garoto, que prontamente levantou-se e acompanhou-a na corrida pela mata. Como um bólide, os dois saíram em desabalada carreira. 

Menina procurava orientar-se pelos vestígios deixados por ela. Tivera o cuidado de vir quebrando ramos das moitas quando ingressara na mata. O problema era correr com o corpo curvado, aquela posição não ajudava. Ela não podia reconhecer o trecho marcado. 

Zico a acompanhava como uma sombra. Seus dedinhos pareciam garras cravadas na mão da irmã. Quando se sentiu suficientemente afastada do perigo, parou sob 


CONTINUA...
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 16/05/2008
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